Portugal perde um milhão de turistas por ano por causa de aeroporto de Lisboa

Presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, diz que todos os dias estão a ser recusados novos voos por falta de capacidade da infraestrutura aeroportuária

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Miguel Manso

Se tudo avançar como o previsto, a base aérea do Montijo passará a funcionar como pista complementar ao aeroporto da Portela em 2022. “Ainda faltam quatro anos”, como nota o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, e, entretanto, a principal porta de entrada do turismo no país (responsável por 90% das chegadas a território nacional) já está “entupida”. Em entrevista na rubrica Conversa Capital, do Jornal de Negócios e Antena 1, Francisco Calheiros estima que Portugal esteja a perder à volta de um milhão de turistas por ano por causa da falta de capacidade da Portela, e o facto de estarem a ser recusados a chegada de voos todos os dias por falta de “slots” (vagas para movimentação de aviões). “Sabendo o que cada turista gasta e a transversalidade do turismo, imagine o impacto que [este constrangimento] tem”, afirma.

O presidente da CTP diz que o aeroporto é uma “pedra no sapato” no país e afirma que Portugal não tem mais tempo a perder com indecisões. Calheiros mostra mesmo a sua intranquilidade face às decisões que ainda falta tomar: “Se amanhã se vier a descobrir que determinadas aves podem ficar prejudicadas pelo barulho dos aviões ainda vamos fazer mais um estudo de um ano. Isto não é possível”, afirma.

Os argumentos do presidente da Confederação de Turismo de Portugal para justificar a urgência nas decisões vão todos para o crescimento “inesperado” que o turismo tem protagonizado nos últimos cinco a seis anos. “De 2002 para 2009 passou-se de 34 para 36 milhões de dormidas. De 2009 para 2017 passou de 36 para 59 milhões. Isto é incomportável, são mais 20 milhões”, contabiliza.

Apesar de reconhecer que o país não conseguirá manter taxas de crescimento a dois dígitos durante dez anos, e recordando que já começou a haver arrefecimento nessas taxas, a verdade é que Calheiros ainda acha que Portugal vai continuar a crescer nos próximos tempos e repara que a sazonalidade está cada vez mais esbatida. O turismo em Portugal só tem um problema e ele está identificado, "os ingleses e o Brexit", mas há outros mercados emissores que estão a compensar as quebras.

Calheiros deixou ainda um outro aviso: só o dia em que vir caterpillars a trabalhar no Montijo é que vai acreditar nas obras, mas isso não significa que vai desde logo ficar satisfeito. "No dia em que tivermos o Montijo em obras, vai ouvir a CTP falar num novo aeroporto, logo. Não nos esqueçamos: o Montijo não é o novo aeroporto, é a expansão da Portela".

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