O AC Milan deixou de ser chinês e passou a ser americano

Fundo de capital de risco assumiu o controlo do clube “rossoneri”, com a promessa de injectar 50 milhões no imediato.

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O AC Milan atravessa dias difíceis Reuters/AI Project

Quinze meses depois de ter sido adquirido por um investidor chinês, o AC Milan voltou a mudar de mãos, passando a ser controlado pela Elliot Managment Fund, um fundo de capital de risco com base em Nova Iorque. A Elliot tinha financiado Li Yonghong na sua operação de aquisição do clube a Silvio Berlusconi, mas o empresário chinês falhou nos pagamentos e o fundo norte-americano avançou para o controlo do AC Milan, prometendo no imediato a injecção de 50 milhões de euros para amenizar a grave situação em que o clube se encontra.

Foi em Abril do ano passado que Li Yonghong oficializou a compra do AC Milan a Berlusconi por 740 milhões de euros, com a Elliot a entrar com quase metade desse valor (303 milhões), mais um empréstimo adicional de 32 milhões para ajudar na resolução de problemas com a UEFA. O acordo entre o empresário chinês e a Elliot previa que a propriedade do clube revertesse para o fundo se Li falhasse um dos pagamentos – foi o que aconteceu na última sexta-feira.

Um comunicado do grupo confirmou o controlo do clube “rossoneri” (ficou com 99,93% das acções), com a promessa de ser uma relação duradoura e não uma coisa temporária, como tem sido veiculado na imprensa internacional. “A visão da Elliot para o AC Milan é simples: criar estabilidade financeira […] e alcançar sucesso a longo prazo com foco no que é fundamental e garantir que o clube está bem capitalizado; ter um modelo de gestão que respeite as regras de fair-play financeiro da UEFA”, diz a empresa, que irá fazer uma primeira injecção de 50 milhões, com planos para meter mais dinheiro num futuro próximo para “financiar a transformação” do clube.

O futebol é uma estreia para este fundo norte-americano que se estima ter um portfólio de investimentos com um valor a rondar os 35 mil milhões de dólares. A empresa teve uma exposição mediática bastante grande em 2012 quando tentou recuperar o seu investimento em dívida argentina com a apreensão de um navio da marinha no Gana. Depois desta manobra, a Elliot e o governo argentino acabaram por chegar a um acordo.

A preocupação imediata dos novos donos do AC Milan, que já foi sete vezes campeão europeu, é revogar a suspensão da UEFA. O clube está impedido de participar nas competições europeias durante as próximas duas temporadas por ter violado as regras do fair-play financeiro, sobretudo na questão do equilíbrio entre receitas e despesas. Os “rossoneri” tinham terminado a última temporada em 6.º lugar na Série A, uma classificação que lhes dava acesso directo à fase de grupos da Liga Europa.

É provável que o clube seja bastante contido nas próximas janelas de transferências e que tenha urgência em vender alguns jogadores para cumprir com a regra do “break-even”. No presente mercado de transferências, já deu 20 milhões pela transferência definitiva do avançado croata Nicola Kalinic e 5,5 milhões pelo extremo Fabio Borini, mas nada que se compare com o que gastou no Verão passado. Foram 191 milhões, entre Bonucci (42 milhões, ex-Juventus), André Silva (38 milhões, ex-FC Porto), Andrea Conti (24 milhões, ex-Atalanta), Çalhanoglu (22 milhões, ex-Leverkusen), Musacchio (18 milhões, ex-Villarreal), Biglia (18 milhões, ex-Lazio) e Rodríguez (15 milhões, ex-Wolfsburgo).  

A crise financeira e directiva do clube tem tido reflexo no seu rendimento desportivo. O último “scudetto” dos 18 da história dos “rossoneri” foi em 2011 e, depois disso, chegou a ficar duas vezes fora dos lugares europeus. Só nas últimas cinco épocas teve oito treinadores diferentes, incluindo Sinisa Mihajlovic (que esteve durante uma semana ligado ao Sporting). Gennaro Ivan Gattuso, antigo médio do clube, é o treinador actual e já vem da época passada, apesar de não ter tido um comportamento brilhante – 16 vitórias, dez empates e oito derrotas em 34 jogos.

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