Kerber vence Serena e conquista Wimbledon pela primeira vez

A germânica juntou o título em solo britânico aos já ganhos nos EUA e na Austrália.

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Kerber com o troféu de Wimbledon LUSA/NEIL HALL

Vencer Serena Williams é difícil e numa final do Grand Slam ainda mais. Fazê-lo por duas vezes só uma jogadora — a irmã Venus — o tinha conseguido. Até ontem. Angelique Kerber derrotou Serena na final de Wimbledon e conquistou o seu terceiro título do Grand Slam, primeiro na relva do All England Club. Como a própria alemã tinha avisado em Janeiro: “Novo ano, Nova Angie!”

Muito se falou do trabalho de Serena em chegar a este nível, somente 10 meses após ter sido mãe, com 36 anos e quatro torneios disputados. Mas Kerber não ficou atrás nesta questão, depois de um 2016 de sonho, com a conquista de dois majors e a chegada ao topo do ranking mundial, a alemã fraquejou completamente no ano seguinte, em que só ganhou 29 encontros em toda a época. Este ano, recorreu ao treinador belga Wim Fissette, que antes acompanhara Kim Clijsters, e dedicou-se ao trabalho.

“No ano passado, tentei melhorar o meu ténis sem pensar nos resultados e, agora, sou uma jogadora melhor. Com o meu novo treinador, aprendi a servir mais rápido e isso foi um aspecto importante na final. Tenho 30 anos e a experiência é muito importante”, frisou Kerber, depois de vencer Serena, com um duplo 6-3.

O percurso da alemã em Wimbledon não foi fácil, mas foi ultrapassando, sucessivamente, Vera Zvonareva (antiga finalista de Wimbledon), Claire Liu (campeã junior em 2017, a quem cedeu o único set na quinzena), Naomi Osaka (em ascensão no 18.º lugar), Belinda Bencic (antiga “top-10”), Daria Kasatkina (outra jovem em ascensão no 14.º posto), Jelena Ostapenko (campeã de Roland Garros em 2017) e Serena (que procurava o 24.º título do Grand Slam e igualar a recordista Margaret Smith Court).

No sorteio antes do início do encontro, a alemã decidiu responder ao serviço e abriu a final com um break — algo que não tinha feito na final de 2016 —, mas Serena devolveu-o no quarto jogo, aproveitando o único break-point de que dispôs em todo o encontro. A norte-americana passou para a frente, assinando pelo meio o serviço mais rápido em todo o torneio feminino, a 200km/h.

A alternar a solidez defensiva, começando pela devolução de muitos serviços, com uma variedade de pancadas, onde o amortie ou as direitas ao longo desequilibravam, Kerber conseguiu um segundo break, a 3-3, após duas duplas-faltas de Serena. A inconsistência da heptacampeã manteve-se e acabou por ceder o set quando servia a 3-5, com o 14.º erro não forçado, numa partida em que só ganhou um ponto com o segundo serviço.

No segundo set, Serena continuou a não conseguir ser tão eficaz a servir como habitualmente, ganhando 63% dos pontos disputados com o primeiro serviço e somente 31% com o segundo. Sem essa arma, Serena ficou mais vulnerável.

Um break colocou Kerber em vantagem por 4-2, que soube manter graças à sua maior consistência; assinou apenas 11 winners, mas também só “ofereceu” cinco erros directos. Já Serena somou 23 winners, mas ao fim de 65 minutos, o 24.º erro não forçado deu a vitória a Kerber, a primeira alemã a triunfar em Wimbledon desde Steffi Graf, em 1996.

“Sabia que tinha de jogar o meu melhor ténis frente a uma campeã como Serena, É uma honra partilhar o court com ela”, disse a alemã, com a Venus Rosewater Dish nas mãos, antes de dirigir-se à adversária: “És uma grande inspiração para nós. Tenho a certeza que irás conquistar o próximo título do Grand Slam muito em breve, tenho mesmo a certeza.”

Igualmente emocionada, mas por razões diferentes, Serena avisou que está no caminho certo mas “ainda no início da caminhada” e deixou uma dedicatória a todas a mães: “Joguei por vocês e tentei.”

Após os títulos na Austrália e EUA, ambos em 2016, e agora Wimbledon, falta agora a Kerber o título em Paris para obter um Grand Slam de carreira. “Em terra batida? Não sei, estou muito longe de vencer Roland Garros”, admitiu.

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