Rui Rio vai ao Chão da Lagoa

Líder social-democrata estreia-se na tradicional festa do PSD-Madeira e aproveita a viagem para aprofundar laços partidários e conhecer de perto dossiers regionais.

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Festa do PSD-Madeira costuma reunir cerca de 25 mil pessoas na Herdade do Chão da Lagoa LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

Será a primeira vez que Rui Rio vai à Madeira como presidente do PSD. Será também a primeira vez que sobe ao planalto do Chão da Lagoa, para a tradicional festa dos sociais-democratas madeirenses, marcada para 29 de Julho.

Mas a visita de Rio ao Funchal não se vai resumir à ronda pelas barracas de comes e bebes espalhadas pela Herdade do Chão da Lagoa ou aos discursos, menos inflamados desde que Alberto João Jardim saiu de cena, no palco do recinto. Não. O líder do PSD vai aproveitar a viagem ao arquipélago para se inteirar dos dossiers da região autónoma, que em muitos casos têm oposto o governo regional ao Governo da República, e para aprofundar laços partidários. É uma visita que começa três dias antes da festa do Chão da Lagoa e que é aguardada com expectativa na sede madeirense do partido.

Os sociais-democratas liderados por Miguel Albuquerque querem que Rui Rio seja uma espécie de contrapeso em Lisboa, numa altura em que se avolumam as queixas do Funchal em relação a uma alegada instrumentalização partidária do Estado, por parte de António Costa e do PS.

A narrativa do PSD, na Madeira, assenta na ideia de que, por ser a única região do país governada pela direita, o arquipélago tem um executivo que é um alvo a abater para o Governo do Terreiro do paço. Os argumentos multiplicam-se. Vão desde os cancelamentos e preços praticados pela TAP na região à violação do princípio da continuidade territorial na questão do transporte marítimo de passageiros.

“A nossa expectativa é que o PSD em Lisboa intervenha na resolução dos dossiers que a República tem pendentes com a região”, sintetiza ao PÚBLICO o secretário-geral do PSD-Madeira, Rui Abreu, ressalvando que Rui Rio está “ao corrente” das questões pendentes entre os dois governos.

Mesmo assim, matérias como a descida da taxa de juro do empréstimo concedido pelo Estado à Madeira, a revisão do subsídio de mobilidade aérea ou a transferência de 30,5 milhões de euros de apoios à reconstrução e prevenção pós-incêndios de 2016 estarão na agenda do encontro que Rio terá com Albuquerque.

O chefe do partido, que em Janeiro foi o candidato mais votado na Madeira, nas eleições internas (53%), aterra no Aeroporto Cristiano Ronaldo ao final da tarde de quinta-feira (26 de Julho), começando a trabalhar no dia seguinte. A primeira paragem é precisamente a Quinta Vigia, sede da residência do governo regional, onde se vai reunir com o executivo madeirense. Após o encontro, Rio e Albuquerque dão uma conferência de imprensa, fechando a manhã com um almoço ainda na Quinta Vigia.

Durante a tarde, o presidente do PSD visita empresas no Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM). A deslocação à zona franca, garante fonte do partido, já estava programada antes mesmo de a Comissão Europeia ter anunciado, no final da semana passada, a abertura de uma investigação às isenções fiscais concedidas pelo CINM.

No sábado, Rio dedica o dia a encontros com empresários e reuniões com militantes do PSD-Madeira, entre os quais João Cunha e Silva, antigo vice-presidente do executivo regional, nos tempos de Jardim, e membro da actual Comissão Política Nacional.

Domingo é o dia da estreia de Rui Rio no Chão da Lagoa. Depois de três anos de Pedro Passos Coelho, é a vez de Rio mergulhar naquela que é uma das mais importantes festas partidárias do país. Os números não variam muito de ano para ano, por isso são esperadas cerca de 25 mil pessoas.

Manda a tradição que, após a ronda pelas barracas de comida e bebida, representativas das 54 freguesias do arquipélago, se sucedam os discursos. Primeiro o do líder da JSD-Madeira (Bruno Miguel Melim). Depois o do chefe regional do partido (Miguel Albuquerque) e, por último, o do líder nacional, Rui Rio. 

E se, há um ano, a vinda de Passos Coelho não era consensual entre os militantes do PSD-Madeira, dada a popularidade em queda do antigo primeiro-ministro, agora a visita de Rio é encarada com naturalidade. Até porque, de Marcelo Rebelo de Sousa a Marques Mendes, foram poucos os líderes nacionais do partido que não subiram ao palco do tradicional comício-festa madeirense.

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