Tancos, CGD, interior, ecologia... nem só de “geringonça” viveu o debate

O debate desta sexta-feira ficou marcado pelas juras de amor entre parceiros de "geringonça", mas outros temas foram tocados, ao de leve, por protagonistas que não integram a solução governativa. Combustíveis, Tancos, demografia, ecologia, afinal, de que mais falaram os deputados?

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O debate desta sexta-feira ficou marcado pelas juras de amor entre parceiros de “geringonça”, mas outros temas foram tocados, ao de leve, por protagonistas que não integram a solução governativa. Combustíveis, Tancos, demografia, ecologia, transportes, afinal, de que mais falaram os deputados?

Tancos e incêndios

Se Marcelo Rebelo de Sousa fosse deputado, certamente não se esqueceria de retomar a questão do assalto em Tancos para exigir responsabilidades ao Governo. Foi o que fizeram Assunção Cristas e Fernando Negrão, com o segundo a ser mais concreto nas críticas e a deixar no ar algumas insinuações. Negrão disse que Tancos é um tema “revelador das fragilidades do Governo e da forma pouco séria como assume o papel do responsável por garantir funções fundamentais em áreas de soberania do Estado” e deu a entender que alguém está a esconder alguma coisa. O executivo “não investiga, esconde, não indaga, inventa culpados”.
Mais deputados se referiam também ao tema dos incêndios do ano passado, mas sempre sem grandes elaborações.

Défice ecológico

Bio-diversidade, mamíferos, ecossistemas e planeta são exemplos de palavras que não costumam ser proferidas durante os debates parlamentares. Ou melhor, não costumavam. Agora que o PAN tem acento no hemiciclo, o léxico das discussões entre deputados alargou-se a estes novos temas. No debate, André Silva falou sobre o facto de o ser humano representar apenas “0,01% da biodiversidade mundial”, mas, apesar disso, já ter contribuído para extinguir “três quartos das espécies” de mamíferos existentes. “No último mês atingimos a capacidade máxima de regeneração dos ecossistemas”, disse, para frisar que se todos consumissem como Portugal “precisaríamos de dois planetas”. “Estamos todos a viver a crédito. Em Portugal vivemos acima das capacidades do planeta”, afirmou o deputado do PAN, questionando as políticas económicas que nos põem a crescer à custa do ambiente. “O défice que Portugal enfrenta é sobretudo de natureza ecológica”, concluiu.

Caixa Geral de Depósitos

A Caixa Geral de Depósitos foi mais um dos temas levados à discussão por Fernando Negrão. Depois de falar sobre transparência e corrupção (“um dos maiores cancros da democracia”), o líder da bancada do PSD considerou que “não é admissível que a CGD se considere um Estado dentro do Estado e sonegue informação” pedida pelo Parlamento. “Exigimos conhecer a lista dos maiores devedores à Caixa”, repetiu. “E não o fazemos por capricho. Assim nos exige o respeito pelos portugueses”. António Costa nada respondeu sobre esta matéria.

Combustíveis, demografia e envelhecimento activo

Assunção Cristas fez as contas. “Em 26 minutos de discurso inicial não lhe ouvi uma palavra sobre natalidade e demografia”, comentou a líder do CDS. “Paixões curtas, estas do PS”, ironizou. A centrista quis introduzir no debate as questões do envelhecimento activo e dos apoios à natalidade — muito caras ao CDS —, mas não teve muitos seguidores. Antes, Nuno Magalhães havia trazido o assunto do imposto sobre os combustíveis a terreiro, criticando uma taxa que é “vermelha para os portugueses” (e não verde, como disse o Governo), mas António Costa respondeu com os seus números para tentar demonstrar que a carga fiscal sobre o gasóleo e a gasolina é hoje menor do que era em 2015.

Interior e coesão territorial

Vários deputados, incluindo João Torres do PS, falaram sobre ordenamento do território e abandono do interior. A cada vez que isso acontecia, o primeiro-ministro aproveitava para lembrar o Conselho de Ministros que este sábado se realiza em Pampilhosa da Serra, onde o Governo deverá aprovar um conjunto de diplomas sobre ordenamento e coesão territorial.

Transportes públicos

António Costa foi o primeiro a falar sobre transportes públicos. Na sua intervenção inicial, quando prometeu um “orçamento de continuidade”, assumiu que pretendia apostar na melhoria dos serviços públicos, incluindo nos transportes. Anunciou, então, um investimento de 50 milhões de euros em novos navios para a Transtejo e da Soflusa. Mais tarde, Emídio Guerreiro, do PSD, questionou Costa sobre os investimentos nos transportes públicos, especificamente na ferrovia.

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