Foi sem-abrigo e agora é capa da Vogue Portugal

Vítor Leitão, engenheiro de formação, tem 62 anos, já foi sem-abrigo e agora trabalha como modelo. Está na capa de Julho da edição portuguesa.

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Instagram, @sonderpeople

A edição de Julho da revista Vogue Portugal é uma ode ao Verão, sob o mote "silly season", mas a história que captou a atenção da imprensa espanhola foi a de um dos modelos que figura nas várias capas. Vítor Leitão, engenheiro de formação, tem 62 anos, já foi sem-abrigo e agora trabalha como modelo.

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A edição de Julho da revista Vogue Portugal é uma ode ao Verão, sob o mote "silly season", mas a história que captou a atenção da imprensa espanhola foi a de um dos modelos que figura nas várias capas. Vítor Leitão, engenheiro de formação, tem 62 anos, já foi sem-abrigo e agora trabalha como modelo.

A sua história chegou aos meios de comunicação como o El Mundo. Em 2007, perdeu o emprego como engenheiro informático que teve durante uma década. Ainda tentou a sorte no estrangeiro, trabalhando para um projecto governamental em Moçambique, mas teve de regressar a Lisboa quando a empresa que o contratou faliu. Viveu na rua e, há cerca de três anos, um encontro ao acaso no Centro Comercial Colombo mudou o seu rumo. Cruzou-se com o fundador da agência de publicidade Sonder People, Fred Castro, que o abordou com um convite para se tornar um agenciado.

"A sua barba, os seus olhos, a sua expressão... Conseguia ver o carisma no seu rosto", lembra ao jornal espanhol o fundador da agência – que, segundo o próprio site coloca "pessoas autênticas, de todas as idades, estilos e etnias a fazer anúncios". "Parecia uma pessoa interessante e diferente. Tinha aquele tipo de olhar que os directores de casting adoram."

Vítor Leitão nunca tinha feito qualquer trabalho de modelo, mas a proposta intrigou-o. Inicialmente, escondeu a sua situação económica, com medo de que isso interferisse com a "nova oportunidade", confessa ao Europa Press. Mas acabou por dirigir-se à agência para se candidatar e abriu o jogo com Fred Castro, que o contratou para um anúncio da Federação Portuguesa de Futebol. Desde então, já fez uma série de campanhas publicitárias, inclusive para o Lidl e para o Ponto Verde, como Pai Natal.

Segundo o El Mundo, Vítor vive agora do rendimento que recebe dos trabalhos pontuais de modelo e de um subsídio do Estado. Consegue sustentar-se e saiu da rua. Reflectindo sobre os últimos três anos, o engenheiro deixa o seu conselho para quem procura sair da mesma situação pela qual passou: "Manter um bom estado de espírito, vontade de viver e predisposição para abandonar a situação."