Foi neste "Brexit" que os britânicos votaram?, pergunta Trump antes de chegar ao Reino Unido

Presidente dos EUA chegou para uma visita de quatro dias em que se encontrará com a rainha e com a primeira-ministra. Mas pode também reunir-se com Boris Johnson, com quem partilha a visão sobre o divórcio da UE.

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Donald Trump chegou ao início da tarde desta quinta-feira ao Reino Unido para quatro dias de trabalho que incluem uma visita à rainha Isabel II e conversações com Theresa May, a primeira-ministra, que criticou duramente horas antes. “Para mim, ‘Brexit’ significa ‘Brexit’. As pessoas votaram na saída e creio que era o que deviam fazer, mas possivelmente estão a ir por outro caminho — não me parece que tenha sido nisso que as pessoas votaram”, disse o Presidente dos Estados Unidos.

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Donald Trump chegou ao início da tarde desta quinta-feira ao Reino Unido para quatro dias de trabalho que incluem uma visita à rainha Isabel II e conversações com Theresa May, a primeira-ministra, que criticou duramente horas antes. “Para mim, ‘Brexit’ significa ‘Brexit’. As pessoas votaram na saída e creio que era o que deviam fazer, mas possivelmente estão a ir por outro caminho — não me parece que tenha sido nisso que as pessoas votaram”, disse o Presidente dos Estados Unidos.

O avião que o levou de Bruxelas, onde tinha participado na conturbada cimeira da NATO, aterrou num aeroporto em Essex e dali o Presidente dos EUA partiu para Londres. Mas espera-se que não passe muito tempo na cidade para onde estão marcadas manifestações contra a sua presença e contra as suas políticas – uma delas vai ter um balão gigante com a forma de Trump em versão bebé chorão. Trump disse que os protestos contra si são normais. “Penso que os ingleses gostam de mim e concordam com as políticas de imigração.”

Como aconteceu em Bruxelas, o tom dos seus encontros deve ser muito diferente dos comentários que faz quando está sozinho ou quando usa o Twitter. O “Brexit” está na agenda da conversa com May, que nesta quinta-feira divulgou o polémico Livro Branco para a saída do Reino Unido da União Europeia, que levou à demissão de dois ministros, David Davis, responsável pelas negociações com Bruxelas, e Boris Johnson, que era o chefe da diplomacia.

Davis e Johnson são favoráveis a um “hard ‘Brexit’” — o que, segundo as suas palavras, agrada a Donald Trump. May conseguiu o apoio do resto do Governo a um “soft ‘Brexit’”, que propõe aos 27 uma associação económica “sem precedentes”, como disse o novo negociador britânico, Dominic Raab, e avança também com regras comuns para a agricultura e produtos alimentares — duas alíneas que anulam a necessidade de existir uma fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, um dos principais problemas com que Theresa May se debateu nos últimos meses.

Apesar de Boris Johnson já não ser o responsável pelos Negócios Estrangeiros, Trump manifestou vontade de se reunir com ele e disse que as demissões deixaram o Reino Unido “numa confusão”. Os dois estão de acordo num ponto: acreditam que o Reino Unido pode acabar numa relação mais próxima com a UE do que fazia prever o referendo que deu ok ao divórcio; “o sonho do ‘Brexit’ morreu”, disse Johnson. Woody Johnson, o embaixador dos EUA em Londres, sugeriu que o encontro vai ocorrer, apesar de não estar na agenda oficial, diz o jornal The Independent. “Não está na agenda, mas o Presidente faz a sua própria agenda”, disse o embaixador.

A opinião de Trump sobre o “Brexit” — “Gostava de os ver tratar do assunto para aquilo ser rápido” foi outra das frases, citada pelo The Telegraph — obrigou Theresa May a reagir: “Chegámos a um acordo que reflecte o que o povo britânico decidiu com o seu voto.”

Nos dias que vai passar no Reino Unido, Trump vai visitar várias regiões e palácios e viaja até à Escócia. Segundo a agenda oficial, vai a Chequers, a residência de campo dos chefes do governo britânicos, ao castelo de Windsor e tudo indica que pernoite na residência oficial do seu embaixador, em Londres, onde as ruas de acesso foram cortadas. Na noite desta quinta-feira o Presidente dos Estados Unidos e a mulher, Melania Trump, foram homenageados num jantar oferecido por Theresa May no palácio de Blenheim, em Oxfordshire. 

Sexta-feira é dedicada a Londres, onde foi montada uma grande operação policial para garantir a segurança do Presidente americano. 

No domingo à noite Trump parte para Helsínquia, na Finlândia, para a histórica cimeira com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, um seu “concorrente, não um inimigo”, como disse em Bruxelas.