Medina diz que Museu do Terramoto é um "bom projecto"

Município cedeu um terreno com mais de 600 metros quadrados a uma empresa privada para fazer um museu inspirado no Terramoto de 1755, pelo qual pagará uma renda anual de 24 mil euros.

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Rui Gaudencio

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, considerou, na noite de quarta-feira, o Museu do Terramoto, equipamento que deverá ser criado na freguesia de Belém, "um bom projecto, num bom local".

"É um bom projecto, na minha opinião, num bom local, que é um local que vai permitir a contiguidade e a ligação da zona de Belém à zona da baixa, do ponto de vista do seu desenvolvimento turístico", afirmou Fernando Medina (PS).

Falando na reunião descentralizada da câmara municipal destinada a ouvir os munícipes das freguesias de Alcântara, Ajuda e Belém, Medina lembrou que "está para aprovação o direito de superfície na Assembleia Municipal [AML]". "E espero mesmo que seja aprovado" antes "das férias de verão", sublinhou.

A questão do chamado Museu do Terramoto foi levantada por uma munícipe, na reunião descentralizada da câmara municipal que decorreu na noite de quarta-feira na Calçada da Ajuda.

Há alguns meses, a câmara de Lisboa aprovou, com os votos contra de PSD, PCP e BE, a constituição de um direito de superfície na Rua da Junqueira, freguesia de Belém, a favor da empresa 'Turcultur'.

O documento, assinado pelo vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, refere que a empresa Turcultur - Turismo e Cultura de Portugal, Lda "solicitou ao município a cedência de um terreno em direito de superfície, onde pretenderá construir e desenvolver um projecto que designou provisoriamente de Museu do Terramoto".

Antes de ser aprovada, a proposta chegou a ser adiada devido a dúvidas levantadas pelos vereadores, mas necessita também do aval da AML. Quando chegou a este órgão, a proposta desceu à sétima comissão, que ouviu os intervenientes, como o promotor e os vereadores do Urbanismo e da Cultura - Manuel Salgado e Catarina Vaz Pinto, respectivamente.

A constituição de um direito de superfície do terreno de 668 metros quadrados, localizado perto do Museu dos Coches, por um prazo de 50 anos, prevê o pagamento total de 925 mil euros, em prestações anuais de 24.409,16 euros.

No final de Junho, o vereador Manuel Salgado explicou nessa comissão que o equipamento afinal não vai ser um museu, mas sim uma experiência sensorial que recriará o que aconteceu em 1755.

Falando também sobre este espaço interactivo, o vereador João Pedro Costa (PSD) considerou que este é "exemplo de uma má decisão da câmara de Lisboa, que vai alugar durante 50 anos, com extensão até 100 anos, 600 metros quadrados no centro de Lisboa, em Belém, por dois mil euros por mês".

Na opinião do autarca, "há uma clara falta de transparência" neste processo, uma vez que se trata "de uma empresa constituída há um ano, sem experiência nenhuma na área".

"Se há sítio para falarmos do terramoto não é Belém, seria a Baixa Pombalina, que é o museu vivo do terramoto em Lisboa", advogou. O social-democrata salientou também que "não faz sentido, não há justificação para esta decisão", que é um "exemplo da política que não se deve fazer em Lisboa".

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