Traição à pátria deixa de ser uma categoria de interesses para anunciantes no Facebook

O problema foi detectado por uma estação de televisão dinamarquesa. Rede social reconheceu que era um caso problemático.

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O Facebook gera automaticamente interesses sobre os seus utilizadores para fins publicitários Reuters/DADO RUVIC,Reuters/DADO RUVIC

Os anunciantes do Facebook já não podem criar publicidade direccionada para quem está interessado em trair o seu país de origem. A traição – no sentido de crime de deslealdade de um cidadão à sua pátria – deixou de ser uma categoria de interesses em que o Facebook encaixa os utilizadores, devido à denuncia da utilização da palavra por uma estação de rádio e televisão na Dinamarca.

O artigo, publicado esta quarta-feira pela Danmarks Radio (DR), alerta que “65 mil russos podem correr perigo de serem perseguidos pelas autoridades devido à categoria de interesse ‘traição’ no Facebook”. Os especialistas citados condenam a expressão, como uma categoria para anunciantes, pela possibilidade de ser usada para regimes autoritários encontrarem opositores. Depois de contactado pelos jornalistas dinamarqueses, o Facebook admitiu que a categoria era problemática.Foi removida na semana passada, dias antes da publicação do artigo.

“Traição nacional era um interesse de publicidade devido à sua importância histórica, mas como é também um acto ilegal, optámos por removê-la”, disse Joe Osborne, um porta-voz do Facebook, aos jornalistas da DR. 

Para ajudar as marcas e pessoas que publicam anúncios nas redes sociais a encontrar uma audiência, o Facebook gera automaticamente várias palavras-chave sobre os seus mais de dois mil milhões de utilizadores utilizadores. Compras, sapatos, unicórnios, conservador, são outros exemplos possíveis. A empresa frisou que não é possível usar este tipo de categorias para encontrar pessoas específicas

Não é a primeira vez que o Facebook tem problemas devido às categorias criadas pelos seus algoritmos secretos. Em Setembro de 2017, a ProPublica, uma organização norte-americana de jornalismo de investigação descobriu que o sistema da rede social permitia criar anúncios destinados a utilizadores assumidamente anti-semitas. Nesse caso, em vez de categorias geradas automaticamente, o problema eram as palavras que os utilizadores utilizavam para se descrever (por exemplo, “queimar judeus” e “ódio a judeus” como ocupações dos tempos livres).

Além dos problemas com o sistema de publicidade segmentada, esta quarta-feira a rede social gerou atenção na imprensa internacional ao ser multada em mais de meio milhão de euros pela agência de protecção de dados britânica. Em causa está o escândalo de acesso a dados privados de utilizadores pela consultora Cambridge Analytica.

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