Médicos da Maternidade Alfredo da Costa apresentam demissão, administração diz que situação está ultrapassada

A carta foi entregue, mas os profissionais estão em funções e a situação encontra-se "controlada e ultrapassada", faz saber unidade de saúde.

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Antonio Borges

Chefes de equipa de ginecologia e obstetrícia da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, apresentaram a sua demissão à administração, que afirma que a situação "está controlada e ultrapassada".

Os profissionais que assinaram e entregaram a carta, a que a agência Lusa teve acesso, indicam que há falta de recursos humanos e que os profissionais estão exaustos. Os chefes de equipa de urgência da MAC indicam que decidiram "por unanimidade" apresentar a sua demissão numa reunião com a administração na segunda-feira.

Fonte oficial do Centro Hospitalar de Lisboa Central, que integra a Maternidade Alfredo da Costa, indicou que a carta foi entregue, mas que os profissionais se mantêm em funções e que a situação se encontra "controlada e ultrapassada".

"Já alertámos várias vezes para a exaustão dos profissionais, que se agravará com o período de férias que se aproxima", escrevem os chefes de equipa de ginecologia e obstetrícia da maternidade, segundo a carta a que a agência Lusa teve acesso.

A notícia foi avançada pela Rádio Renascença e, entretanto, confirmada pela Lusa, que teve acesso ao documento e que falou com fonte oficial do Centro Hospitalar de Lisboa Central.

Na carta, os profissionais referem que a MAC tem apenas 27 médicos especialistas que realizam serviço de urgência de dia e de noite e que uma dessas profissionais se encontra de baixa por gravidez de risco.

Dos 27 especialistas, 13 têm mais de 50 anos e sete têm mais de 55 anos.

O número de horas extraordinárias feitas pelos profissionais já excede "há vários meses" o que está previsto por lei e também as equipas de enfermagem se encontram reduzidas e igualmente em exaustão.

Esta carta surge depois de vários chefes de equipa do hospital de São José, também do Centro Hospitalar de Lisboa Central, terem pedido a sua demissão, considerando que as condições da urgência do hospital de São José não têm níveis de segurança aceitáveis.

A secção regional do Sul da Ordem dos Médicos apelou à administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central para resolver rapidamente os problemas identificados pelos profissionais da Maternidade Alfredo da Costa e do Hospital de São José.

O presidente do conselho regional do Sul da Ordem, Alexandre Valentim Lourenço, considera que o pedido de demissão apresentado por chefes de equipa da MAC, em Lisboa, vem demonstrar a incapacidade que os profissionais estão a sentir para "poderem responder às necessidades dos doentes", recordando que se segue a um pedido de demissão de chefes de equipa do hospital de São José por dificuldades sentidas na urgência.

"Espero que a administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central cumpra as suas funções e resolva rapidamente os problemas", afirmou à agência Lusa Alexandre Valentim Lourenço, que é igualmente médico especialista em ginecologia e obstetrícia.

O responsável lembra que a escassez de profissionais é comum a várias maternidades do país, nomeadamente da região Sul, e que os problemas de cada unidade acabam por se repercutir nas outras maternidades, que funcionam muito em rede.

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