"O PS não é carochinha à procura de um João Ratão", diz António Costa

Secretário-geral do PS, falando na última reunião da iniciativa PS em Movimento, recusou regressar a um Bloco Central.

O cumprimento de Costa a Centeno
Fotogaleria
O cumprimento de Costa a Centeno LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS
António Costa em encontro de militantes
Fotogaleria
António Costa em encontro de militantes LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS
Líder do PS recusou Bloco Central
Fotogaleria
Líder do PS recusou Bloco Central LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O secretário-geral socialista afirmou na terça-feira ao fim do dia que o PS tem uma identidade histórica própria e que não é a "carochinha à procura do João Ratão", defendendo a actual solução de Governo e recusando um regresso ao "Bloco Central".

António Costa assumiu estas posições numa conferência promovida pela Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS destinada à preparação do debate parlamentar sobre o Estado da Nação, que se realiza na sexta-feira, na Assembleia da República.

"O PS não é propriamente uma carochinha que anda à procura de um João Ratão. Somos um partido que tem uma identidade própria, tem uma história própria, que tem muito orgulho na sua história, possui um programa muito claro para executar e que irá continuar a cumpri-lo passo a passo, como tem feito desde o início desta legislatura e continuará a fazê-lo seguramente na próxima legislatura", disse António Costa, recebendo uma longa salva de palmas por parte de centenas de militantes e simpatizantes socialistas que o escutavam.

Para não deixar dúvidas de que estava mesmo a referir-se à questão da identidade do seu partido, que esteve em debate no último congresso do PS, António Costa acentuou logo a seguir: "É assim que é o PS - e é assim quer continuar".

Na sua intervenção perante os militantes socialistas, o secretário-geral do PS considerou que o seu Governo já teve de enfrentar "e vencer duas ficções criadas pela direita" desde o início da presente legislatura.

De acordo com António Costa, a primeira ficção "era sobre a necessidade de o Governo adoptar um 'Plano B' em relação ao Orçamento do Estado para 2016"; e a segunda referente "à vinda do diabo no outono desse ano, porque os juros da dívida de Portugal iam disparar, porque o país seria alvo de sanções e não sairia do procedimento por défice excessivo" em Bruxelas.

"A direita já se cansou do 'plano B' e o diabo não veio, mas agora tem uma nova ficção, segundo a qual esta solução de Governo não funciona e é preciso um 'Bloco Central'. Só que esta premissa está errada, porque se demonstrou que também à esquerda, com respeito pela diferença de cada um, é possível encontrar soluções governativas que sejam estáveis, duradouras e que proporcionem bons resultados na economia e na sociedade", sustentou, recebendo palmas dos militantes.

De acordo com António Costa, a linha seguida pelo actual Governo deve continuar, invocando, para o efeito, o seguinte argumento: "Se, ao longo destes três anos, com estas políticas, se demonstrou que era possível ter finanças públicas bem controladas - com o défice mais baixo de sempre, com nova descida da dívida pública e com as agências de 'rating' a voltarem a confiar no país -, se temos dado boas provas ao nível do crescimento económico, por que razão havemos de mudar de políticas e por que razão havemos de mudar de caminho?".

Depois, o próprio António Costa deu a resposta à questão que colocara: "Caminho que dá bons resultados é caminho que deve ser prosseguido".

Na sua intervenção, o líder socialista dedicou vários minutos a uma resposta às críticas de que o seu Governo tem sido alvo ao nível da política de saúde.

António Costa contrapôs que o seu Governo investiu mais 700 milhões de euros por ano no Serviço Nacional de Saúde (SNS), adiantando que, em comparação com 2015, há no sistema mais 3.600 médicos e mais cerca de três mil enfermeiros.

No total, de acordo com o primeiro-ministro, "há mais 7.900" funcionários no SNS, estando agora o Governo a preparar a contratação de mais dois mil para fazer face às necessidades decorrentes da redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais.

"Há mais 300 mil consultas e há mais 19 mil intervenções cirúrgicas do que em 2015 no SNS. O SNS não é seguramente um mar de rosas, mas este Governo inverteu o ciclo de desinvestimento dos quatro anos da direita", acrescentou.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários