Mãe: o maior elogio

Há por Colares vários restaurantes que começaram por aquele restaurante a que chamarei Mãe.

Foi o maior elogio de um restaurante que já ouvi. Estavam a falar duas pessoas que tinham lá trabalhado e que depois abriram restaurantes delas. Há por Colares vários restaurantes que começaram por aquele restaurante a que chamarei Mãe.

Estavam a dizer mal dos clientes da Mãe que por lá passavam - tipicamente no dia em que a Mãe faz a folga semanal. "São insuportáveis!" Eu quis saber porquê. "Porque dão prejuízo".

Então porquê? Porque são exigentes. Estão habituados a comer bem porque passam a vida na Mãe. Como tal, mandam pratos para trás, pedem mimos, perguntam se pode ser com arroz de tomate em vez de batatas cozidas ou se se arranja um bacalhau com grão de um momento para o outro.

Depois comem desalmadamente quantidades grotescas de pratos diferentes - porque as doses são minúsculas comparadas com a Mãe - e, pior das ofensas, ficam boquiabertos quando chega a conta porque na Mãe a mesma quantidade de comida custaria um-quarto ou um-quinto daquela verba astronómica.

Vai daí e começam a mendigar descontos para a batelada não ser tão violenta. E não descansam enquanto não pagam mais ou menos o que pagariam na Mãe por uma meia-dose bem servida para chegar para 3 pessoas.

O único antídoto ao veneno dos clientes habituais da Mãe é fugir deles. As caras conhecidas na Mãe escondem-se e mandam-se à mesa empregados que eles não conhecem, exigindo que seja pago o que se deve.

Não é preciso simpatia. Só firmeza e tolerância zero. Com um bocado de sorte pode ser que nunca mais voltem.

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