Bombas de água falharam com socorristas ainda dentro da gruta

Relato detalhado mostra que a operação de salvamento dos 12 jovens e um adulto que ficaram encurralados numa gruta tailandesa foi feita em condições muito difíceis.

Caverna, chiang rai
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REUTERS/Soe Zeya Tun
Tham Luang, caverna, Chiang Rai
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Tham Luang, Chiang Rai
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Tham Luang, caverna
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Primeiro parecia impossível encontrar 13 pessoas desaparecidas numa gruta na Tailândia. Mas aconteceu. Depois parecia difícil de mais retirá-los do interior com vida. A história acabou bem – com a excepção da morte de um mergulhador, que perdeu a vida antes mesmo de os primeiros jovens terem sido retirados –, numa corrida contra o tempo e ao fim de três dias de operações de resgate e de 17 dias de espera. Mas os relatos agora divulgados pelos socorristas mostram que se trabalhou muitas vezes no fio da navalha. Poucas horas depois do fim do resgate, na terça-feira, as bombas de água falharam.

Três mergulhadores australianos contam ao diário The Guardian que a falha aconteceu quando havia voluntários e mergulhadores a 1,5km da entrada da caverna. O nível da água subiu de imediato.

"Os gritos começaram porque as bombas principais falharam e a água começou a subir", descreve um desses mergulhadores australianos, que estava na chamada Galeria Três – uma zona interior seca dentro da gruta que serviu de base às operações.

A identidade deste trabalhador não foi revelada pelo jornal londrino. Cerca de 100 trabalhadores continuavam no interior. Quando a água começou a subir, correram em direcção à saída. "Todas aquelas luzes nos capacetes dirigiam-se para terreno seco. A água estava a subir de forma notória", conta o mesmo mergulhador. Até que todos estivessem a salvo no exterior, passou cerca de uma hora.

As bombas eram um elemento crucial da delicada operação de salvamento. Na fase final, 19 mergulhadores estiveram envolvidos no salvamento dos 12 jovens – membros de uma equipa de futebol juvenil – e de um adulto, com 25 anos e treinador da equipa. Pelo interior da terra, era preciso vencer obstáculos diversos ao longo de 3,2km. Os quatro primeiros viram a luz do dia no domingo. Na segunda-feira foi possível retirar mais quatro e na terça acabou tudo por volta das 20h locais, com a retirada das restantes cinco pessoas. Antes de tudo, foi preciso ensinar os encurralados a nadarem em espaços muito estreitos e a respirarem com máscaras.

À medida que o resgate se aproximava do final, a corrente humana que se prolongava pelos túneis da gruta aplaudiam e celebravam de cada vez que mais uma pessoa chegava desde o interior profundo da caverna. Diz o Guardian que alguns socorristas descreviam a cena como uma alegre "onda mexicana" - popular nos estádios de futebol – que começava nas profundezas e terminava no exterior.

A viagem desde a Galeria Três até à entrada demorava inicialmente quatro a cinco horas. Mas depois de muita drenagem e de limpeza de lamas durante sete dias, o tempo de percurso foi reduzido para menos de uma hora.

Nas partes submersas do percurso até ao exterior, cada um dos jovens resgatados estava preso a um adulto. Nas partes secas, pelo contrário, era transportado numa maca. Os mergulhadores australianos transportaram 46kg de material até à Galeria Três. Aliados a seis polícias e um mergulhador da Marinha da mesma nacionalidade, moveram cerca de 20 toneladas de equipamento, durante as 75 horas que passaram no interior da gruta.

Os que descreveram detalhes ao Guardian compararam partes do trajecto a uma viagem pelo sifão de uma sanita. Havia três zonas curvas e submersas, com dez a 20 metros de comprimento, separadas por cerca de 300 metros de terreno seco.

"As crianças que passaram por esta provação foram heróis e os Seals tailandeses excederam-se", anotou Glen McEwen, comandante da polícia federal australiana, numa conferência já nesta quarta-feira.

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