Simpatia pelo diabo

A história de Pablo Escobar e da sua relação com uma jornalista da televisão colombiana: podia ser um filme sobre o magnetismo do Mal, mas poucas vezes entreabre a porta à amoralidade.

Pablo Escobar, Penélope Cruz, Pablo Amoroso, Javier Bardem, Kochajac Pabla nienawidzac Escobara, Pablo Escobar, cinema
Fotogaleria
Javier Bardem interpreta sempre num over the top grotesco
Javier Bardem, Pablo Escobar, Fernando León de Aranoa, Peter Sarsgaard, Amoroso Pablo, Penélope Cruz, Amoroso Pablo, Odiar Escobar
Fotogaleria
Penélope Cruz, Pablo Amoroso, Javier Bardem, Pablo Amoroso, Odiando Escobar, Festival Internacional de Cinema de Toronto, Filme
Fotogaleria
Javier Bardem, Pablo Escobar, Penélope Cruz, Amando Pablo, Amante De Escobar, Virgínia Vallejo, Colômbia, Filme, Loving Pablo, Hating Escobar
Fotogaleria

Léon de Aranoa tarda em dar sequência ao belo filme com que em Portugal o descobrimos, Às Segundas ao Sol, no princípio da década passada. Do lado extremamente “local” desse filme (que seguia um grupo de desempregados na Galiza) passou aos temas “internacionais”—  o último dele que cá se estreou passava-se na Bósnia (Um Dia Perfeito), e este viaja até à Colômbia. Para contar a história de Pablo Escobar e da sua relação, nos anos 80, com uma famosa jornalista da televisão colombiana. Podia ser um filme sobre o magnetismo do Mal, sobre a atracção (e a simpatia) pelo diabo, como nalguns diálogos, nas poucas vezes em que Aranoa entreabre a porta à amoralidade (para a fechar logo a seguir), a personagem da jornalista (Penélope Cruz) parece admitir e sugerir.

i-video

Nesse sentido, Amar Pablo, Odiar Escobar tanto podia ser comédia sulfurosa como melodrama doentio. Mas não é uma coisa nem outra, e a relação entre os dois (até por debilidade da caracterização das personagens) até acaba por ceder o terreno a uma espécie de lógica de comboio-fantasma—  como se a personagem de Cruz fosse só o ponto de vista para uma incursão nos domínios de Escobar (que Javier Bardem interpreta sempre num over the top grotesco). A partir de certa altura Aranoa quase que desiste do pressuposto narrativo, para afunilar o filme nas convenções do policial, à medida que as autoridades apertam o cerco ao traficante. E assim, ziguezagueante, sem explorar a fundo nenhum dos seus elementos mais ricos, vai-se auto-destruindo até à completa irrelevância.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários