Feira já apoia oito casos por dia de estrangeiros que querem mudar-se para o concelho

O objectivo é atrair investidores, captar mão-de-obra qualificada e conquistar novos habitantes.

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Emídio Sousa quer brasileiros e venezuelanos a viver, estudar, trabalhar e envelhecer na Feira Manuel Roberto

O Município de Santa Maria da Feira anunciou nesta terça-feira um reforço da política local destinada a atrair para o concelho luso-descendentes residentes no Brasil e Venezuela, revelando já apoiar oito casos por dia ao nível burocrático e laboral.

"A ideia é passar a mensagem de que queremos brasileiros e venezuelanos a viver, estudar, trabalhar e envelhecer na Feira", declarou à Lusa o presidente da autarquia, Emídio Sousa. "O nosso Gabinete de Apoio ao Emigrante é uma referência a nível nacional e já atende uns oito casos por dia, sobretudo ao nível burocrático, porque o mais difícil para alguém que se quer mudar é tratar dos papéis da legalização", explica.

A plataforma de contactos empresariais Bizfeira também vai ser equipada "com um novo campo especialmente dedicado aos cidadãos que queiram mudar-se para o concelho", no que o objectivo é "atrair investidores, captar mão-de-obra qualificada - sobretudo nos domínios da metalomecânica, da construção civil e da restauração - e conquistar novos habitantes em condições de trabalhar e também em idade fértil, para compensar a baixa natalidade nacional".

O autarca vai visitar o Rio de Janeiro e São Paulo nos próximos dias, para participar nas comemorações do aniversário da Casa da Vila da Feira, numa conferência da Câmara Portuguesa do Comércio e Indústria, e num encontro empresarial no Anfiteatro do Millennium BCP, e em ambas as cidades tem já encontros marcados com a comunidade brasileira, com vista a divulgar os mecanismos disponíveis em Portugal para imigrantes luso-descendentes até à terceira geração.

O autarca admite que os apoios legais disponíveis na Feira para a imigração são os mesmos que se aplicam à generalidade do território português, mas aponta uma eventual diferença no seu município: a "vontade de acolher estas pessoas".

"Podia haver algum preconceito antes, por as pessoas terem receio de estar a perder o seu emprego para quem vem de fora, mas isso agora já não se justifica", afirma Emídio Sousa. "Aqui no concelho estamos com uma taxa de desemprego inferior a 5% e, este ano ou no próximo, vamos atingir uma situação de pleno emprego, na ordem dos 3 ou 4%, pelo que o que interessa agora é antecipar as necessidades de pessoal que se prevêem para o futuro", defende.

A questão da diferença linguística não se coloca no caso do Brasil e também não será difícil de ultrapassar no caso da Venezuela, onde há "uma grande comunidade com ligações à Feira" e cuja situação preocupa mais o autarca por nesse país se estar hoje a viver "uma situação muito mais dramática, em que as pessoas querem literalmente fugir da fome".

O maior constrangimento à deslocalização desses cidadãos para Portugal, "nesta fase, ainda será a habitação, se as pessoas fizeram questão de ficar mesmo nos grandes centros urbanos". Em alternativa, Emídio Sousa propõe a periferia: "Aí há muito por onde escolher, sem se perder qualidade de vida".

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