Falta retirar cinco da gruta e garantir "que isto nunca mais aconteça"

No total já foram retiradas oito crianças. A operação está a decorrer melhor e mais rápido do que o esperado o que faz aumentar o optimismo e alívio. Mas ainda faltam sair quatro rapazes e o treinador de 25 anos.

Tailândia, Tham Luang, Tham Luang - parque nacional da floresta de Khun Nam Nang
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Colegas de escola de alguns dos rapazes presos na gruta ao receberem a notícia de mais resgates
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Colegas de escola de alguns dos rapazes presos na gruta ao receberem a notícia de mais resgates Reuters/TYRONE SIU
Tham Luang, parque nacional da floresta de Tham Luang - de Khun Nam Nang Non
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Primeiro-ministro tailandês, Prayuth Chan-ocha (ao centro), visitou local das operações e esteve com alguns familiares das crianças
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Primeiro-ministro tailandês, Prayuth Chan-ocha (ao centro), visitou local das operações e esteve com alguns familiares das crianças LUSA/THAI GOVERNMENT SPOKESPERSON'S OFFICE HANDOUT

Dois dias, oito rapazes resgatados. Este é o rescaldo da operação de resgate até ao momento do grupo de 12 crianças e do seu treinador de 25 anos, pertencentes a uma equipa de futebol tailandesa, que está há mais de duas semanas preso na gruta de Tham Luang, em Chiang Rai, no Norte da Tailândia. Os complexos trabalhos estão a correr melhor do que o esperado ainda que tenham sido iniciados mais cedo do que o previsto. A ansiedade e temor que marcaram os últimos dias começam, lentamente, a dar lugar à alegria e ao alívio.

As preocupações que as equipas de socorro tiveram durante o fim-de-semana mantêm-se: a previsão de chuvas fortes com o início da época das monções, o que poderia inundar ainda mais a rede de cavernas. Foi isso que fez com que a operação começasse no domingo. Durante a noite choveu, mas os níveis de água no interior da gruta não se alteraram, o que facilitou toda a logística.

“Os quatro rapazes chegaram ao hospital. Estão todos em segurança”, disse Narongsak Osottanakorn, antigo governador de Chiang Rai e que lidera as operações de resgate.

As crianças retiradas nesta segunda-feira juntaram-se às outras quatro, resgatadas no domingo, no hospital provincial. Todas foram transportadas por um helicóptero. Estão bem de saúde mas encontram-se isoladas até que se confirme que não têm qualquer infecção que possa ter sido transmitida, por exemplo, por morcegos.

Restam assim mais quatro crianças e o treinador no interior da gruta. Tal como no domingo, as operações foram interrompidas ao início da noite depois de cerca de nove horas de trabalho, para que as garrafas de ar fossem reabastecidas e para os mergulhadores descansarem.

Ainda não é certo que os rapazes que continuam dentro da gruta sejam todos resgatados na terça-feira. “Depende do plano. Planeámos retirar quatro pessoas por dia, por isso se querem tirar os outros cinco [no mesmo dia], precisam de alterar o plano”, explicou Osottanakorn.

Além disso, é necessário que as condições de domingo e de segunda-feira se mantenham. Os meteorologistas estão optimistas pois não prevêem chuvas que possam dificultar a operação nos próximos dois dias.

Osottanakorn disse ainda que os rapazes que estão à espera de ser retirados estão em boas condições físicas e psicológicas, o que é fundamental para conseguir percorrer o caminho de cerca de quatro quilómetros para fora da gruta – um processo que implica andar, nadar, mergulhar e escalar por entre a labiríntica rede de grutas, algumas de tal maneira estreitas que só têm espaço para uma pessoa.

Um pouco por todo o mundo, e na Tailândia em particular, as pessoas têm estado presas às televisões para acompanhar o processo. E se, ao longo das duas últimas semanas, os sentimentos que imperaram foram o receio e a ansiedade, esses têm sido substituídos pela alegria a cada salvamento anunciado.

“Todos aplaudimos e gritámos”, disse Nuttachoong Pimtong, de 14 anos e amigo de um dos rapazes presos na gruta, explicando ao Washington Post o momento em que, juntamente com a família, soube pela televisão que os primeiros tinham saído.

Outro colega dos rapazes, Monthip Yodkham, partilhou com o Post as mensagens trocadas num grupo de Whatssap que inclui outros membros da equipa de futebol. “Quero dar-lhes um abraço”, dizia uma delas. “Quero vê-los agora. Podemos ir já ao hospital?”.

Mas o desejo de visitar os amigos ao hospital ainda não poderá ser concretizado, até porque os rapazes resgatados ainda não foram publicamente identificados.

“Não nos disseram quais os miúdos que foram salvos. Não podemos visitar os nossos rapazes no hospital porque têm de ser monitorizados durante 48 horas”, explicou à Reuters Somboon Sompiangjai, de 38 anos, pai de um deles.

Mas com o sucesso das duas primeiras fases da operação, o optimismo cresceu e começam já a fazer-se os preparativos para o regresso das crianças. O director da escola de alguns deles, Kanetpong Suwan, revelou à Reuters que foi pedido a professores e alunos para tratarem os rapazes normalmente e para que não lhes pedirem detalhes sobre o que viveram. “Não devemos tratá-los como vítimas de um desastre ou como se tivessem feito alguma coisa de errado."

Todos aguardam que os restantes quatro e o treinador saiam finalmente da gruta para que o alívio e festejo sejam definitivos. E também para que se assegure que “este tipo de situação nunca mais aconteça em solo tailandês”, como disse o primeiro-ministro, Prayuth Chan-ocha, que visitou o local nesta segunda-feira, segundo relatou Osottanakorn.

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