Morreu aos 66 anos compositor britânico Oliver Knussen

Era uma das figuras mais destacadas da cena musical contemporânea do Reino Unido. No ano passado, obras suas foram interpretadas na Casa da Música e na Gulbenkian.

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Oliver Knussen DR

O compositor e maestro britânico Oliver Knussen morreu este domingo, aos 66 anos, após doença, anunciou esta segunda-feira a editora Faber Music, que lembrou o seu "impacto extraordinário na comunidade musical".

Nascido em Glasgow em 1952, "filho de um contrabaixista da Orquestra Sinfónica de Londres, Oliver [também conhecido como 'Olly'] Knussen foi um menino-prodígio que começou a compor com apenas seis anos de idade", segundo a biografia disponível na página da Casa da Música, que acolheu várias das suas peças em 2017, ano dedicado ao Reino Unido pela instituição sediada no Porto – onde o compositor não pôde comparecer por se encontrar já doente.

Numa semana do mês de Outubro, o Remix Ensemble interpretou então as suas duas obras Songs without voices e Requiem - Songs for Sue (esta, uma  peça para soprano – então interpretada por Claire Booth – e ensemble, em memória da sua mulher Sue Knussen, desaparecida em 2003), e a Orquestra Sinfónica do Porto tocou Flourish with fireworks.

Também no início de 2017, em Fevereiro, a música de Oliver Knussen fora tocada em Lisboa, na Fundação Gulbenkian, no âmbito do programa ECHO Rising Stars, com a violinista londrina Tamsin Waley-Cohen a interpretar uma peça que o compositor tinha escrito expressamente para ela, sob encomenda do Town Hall & Symphony Hall, de Birmingham: Reflexions – "uma obra maravilhosa, lírica e de carácter rapsódico", como a intérprete a apresentou ao PÚBLICO. (A mesma peça, pela mesma intérprete, foi depois também apresentada na Casa da Música, em Maio, ainda no âmbito do ECHO Rising Stars).

Maestro precoce

Oliver Knussen dirigiu a sua própria Primeira Sinfonia, no palco do prestigiado Royal Festival Hall de Londres, quando tinha apenas 15 anos. "Estavam, assim, lançadas as suas carreiras de maestro e de compositor, actividades nas quais permanece uma das figuras mais reconhecidas a nível internacional", acrescenta o mesmo texto da Casa da Música.

A sua última actuação pública deu-se em Junho, no Festival de Aldeburgh – que o homenageou –, quando dirigiu o ensemble do festival na estreia britânica de Three songs from the holy forest, de Harrison Birtwistle (que foi o compositor residente na Casa da Música, em 2017).

"As suas composições tinham tanta força, economia e clareza. Promoveu altruisticamente a música de outros compositores e foi um homem encantador, atencioso e envolvente, que fará muita falta a todos", disse o responsável pelos Proms da BBC, Alan Davey, citado pelo jornal The Guardian.

Por seu lado, o compositor e maestro Ryan Wiggleworth – que dirigiu os dois concertos na Casa da Música atrás citados – afirmou que "Olly foi o maior mentor possível, o amigo com o maior coração".

Uma das suas principais peças resultou de um trabalho conjunto com Maurice Sendak, para a criação de duas óperas baseadas nos livros Onde Vivem os Monstros e Higglety Pigglety Pop! (este inédito em Portugal).

Maestros como Daniel Barenboim, Gustavo Dudamel e Esa Pekka Salonen já dirigiram as suas composições, tendo o Barbican, em Londres, organizado um festival em 2012, para assinalar os seus 60 anos.

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