BE exige ao Governo contratação de seis mil profissionais para a saúde

Catarina Martins recusou a tese de que o Estado poupe quando não contrata profissionais para o SNS.

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Catarina Martins LUSA/Tiago Petinga

O Bloco de Esquerda exigiu neste sábado ao Governo que contrate já, antes do Orçamento para 2019, seis mil profissionais em falta no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e condenou a "sangria" de recursos públicos para o privado.

Posições transmitidas pela coordenadora desta força política, Catarina Martins, no final da reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, em Lisboa, durante a qual também o primeiro-ministro, António Costa, mereceu duras críticas por não ter usado o veto, pelo Estado português, na resolução sobre migrantes no último Conselho Europeu realizado em Bruxelas.

De acordo com a coordenadora do Bloco de Esquerda, foi já estimado em cerca de seis mil o número de profissionais em falta no SNS, mas que o Governo anunciou a intenção de contratar apenas dois mil.

"Identificámos uma enorme perversão na forma como o SNS está a ser gerido e como os seus profissionais estão a ser tratados", sustentou, antes de rejeitar a tese de que a falta de pessoal se deva à aplicação da lei das 35 horas semanais de trabalho nos serviços de saúde.

Catarina Martins contrapôs que o problema da falta de profissionais no SNS se deverá sim "à emigração de muitos" nos últimos anos, mas, igualmente, "à fuga" de quadros para o sector privado.

"Precisamos de tratar condignamente as carreiras destes profissionais para que não saiam do país ou optem pelo privado, e temos de contratar profissionais suficientes para o SNS. As contas estão feitas, é preciso contratar seis mil", acentuou.

A coordenadora do Bloco de Esquerda recusou ainda a tese de que o Estado poupe quando não contrata profissionais para o SNS, alegando que, pelo contrário, a falta de quadros motiva a contratualização de serviços prestados por privados.

"É preciso acabar com a sangria de recursos públicos para o privado. Está na altura de andarmos a pagar mais aos privados por um serviço pior", advogou.

Na conferência de imprensa, em matéria de política europeia, Catarina Martins lamentou que o primeiro-ministro não se tenha distanciado da decisão do Conselho Europeu sobre migrantes.

Uma decisão que Catarina Martins considerou ter sido concertada entre "conservadores e extrema-direita xenófoba" no sentido de criar "campos de concentração" fora do espaço europeu.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, segundo o Bloco de Esquerda, justificou "a ausência de mecanismos de solidariedade no espaço do euro com os riscos morais, repetindo um chavão de culpabilização dos países do sul pela crise financeira".

"E António Costa não usou o veto de Portugal para impedir a resolução sobre migrações, preferindo desvalorizar o seu conteúdo. A sua actuação contrariou o discurso deste Governo sobre condições humanitárias para o acolhimento de migrantes", acrescentou o Bloco de Esquerda em comunicado.

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