Três responsáveis da Ascendi constituídos arguidos no processo dos incêndios

Processo conta com 16 arguidos, cinco dos quais percentem à empresa responsável pela manutenção da Estrada Nacional 236-1, onde morreram mais de 30 pessoas.

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Os novos arguidos teriam a responsabilidade pela limpeza da Estrada Nacional 236-1, onde morreram mais de 30 pessoas Adriano Miranda

Três responsáveis da Ascendi Pinhal Interior, incluindo pelo menos um membro do Conselho de Administração, foram as últimas pessoas a serem constituídas arguidas no processo relacionado com os incêndios de Pedrógão Grande, que em Junho de 2017 provocaram a morte de 66 pessoas. Antes, já dois funcionários da Ascendi Pinhal Interior tinham sido constituídos arguidos, o que significa que há cinco elementos da empresa arguidos neste caso. Esta sexta-feira, o Ministério Público anunciou que o número de arguidos subiu para 16, numa altura em que se sabe que o processo está na recta final. 

A Ascendi tem a subconcessão de estradas do Pinhal Interior e, por isso, a responsabilidade da gestão e manutenção de uma ampla rede rodoviária, que inclui a limpeza do mato em redor da Estrada Nacional 236-1, onde morreram mais de 30 pessoas. Contactada pelo PÚBLICO, a Ascendi confirma que "nos últimos dias foram constituídos, a título individual, outros arguidos desta sociedade" e repete que tem "vindo a colaborar com as autoridades judiciárias". Acrescenta que os seus profissionais estão "seguros de que cumpriram rigorosamente todo o quadro legal, não lhes sendo imputável qualquer responsabilidade".

Os elementos da Ascendi juntam-se à lista de 13 arguidos já conhecida. Entre eles estão o antigo presidente da Câmara de Castanheira de Pêra, Fernando Lopes; o actual presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu; o comandante dos bombeiros de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, e o segundo comandante distrital de Leiria, Mário Cerol.

Também são arguidos José Graça, que em Junho de 2017 era vice-presidente da autarquia de Pedrógão Grande; Margarida Gonçalves, engenheira florestal e a única a integrar o Gabinete Técnico Florestal do município, e António Castanheira, chefe dos serviços externos da câmara. Todos eles teriam, alegadamente, responsabilidades na limpeza das faixas junto a vias rodoviárias onde ocorreram mortes. 

Fonte ligada à investigação explicou ao PÚBLICO, em Junho, que este é um inquérito complexo, que o Ministério Público pretende terminar, no máximo, até ao final das férias judiciais, que acabam no fim de Agosto. O objectivo é identificar os responsáveis pela omissão dos deveres de cuidados. 

No âmbito deste inquérito, dirigido pelo Ministério Público do Departamento de Investigação e Acção Penal de Leiria, "estão em causa factos susceptíveis de integrarem os crimes de homicídio por negligência e ofensas corporais por negligência", informa o site da Procuradoria da Comarca de Leiria. 

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