Rui Patrício despede-se dos sportinguistas: "Sou e serei sempre um 'leão'"

O antigo jogador do Sporting lembra que durante 18 anos passou mais tempo com a "família leonina" do que em casa dos pais e lamenta a forma como a história com o clube terminou.

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O jogador deixou uma mensagem emocionada aos adeptos do Sporting LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O antigo guarda-redes do Sporting, Rui Patrício, publicou esta quinta-feira uma mensagem de despedida dirigida aos adeptos Sportinguistas, onde fala dos problemas que levaram à sua saída do clube dos “leões” e que diz serem “conhecidos de todos”. Rui Patrício lembra os 18 anos no clube onde passou mais tempo do que em casa dos pais e vinca que jamais viraria costas à família “leonina”. “Esta não era a forma que imaginava de me despedir do meu clube”, lê-se na mensagem de despedida.

Sobre a impossibilidade de continuar no Sporting, o antigo jogador explica que se remeteu inicialmente ao silêncio “não por ausência de sentimento, nem por falta de argumentos válidos, mas sim, por respeito ao Sporting Clube de Portugal e aos seus adeptos”.

“Neste momento, já existe espaço para que possa dizer, em linhas breves, aquilo que sinto e o porquê da minha atitude reservada. Suportei e vivi muitas situações menos positivas, para poder representar o meu clube, dando sempre o máximo de mim e sendo soberana, a minha vontade de honrar a camisola que vestia desde os meus 12 anos, bem como transmitir esses valores para todos os meus colegas, enquanto um dos capitães e um dos jogadores com mais anos de casa desta equipa, que sempre me orgulhou e irá continuar a orgulhar pela sua força e determinação genuínas”, lembra Rui Patrício.

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LUSA/JOSE SENA GOULAO

“Também sou um ser humano de carne e osso, igual a todos vocês, e por isso tive de tomar uma decisão”, explica. Sobre os motivos que o levaram a sair após 18 anos no clube dos “leões”, o jogador diz que “são hoje conhecidos por todos” e “as causas descritas na minha rescisão”.

O jogador de 30 anos diz que nunca faltou ao respeito a ninguém nem nunca o irá fazer e que o seu silêncio aconteceu justamente por uma questão de respeito.

“Até ao momento da minha rescisão, tinha-se tornado insustentável a minha continuidade, por comprometer a minha produtividade profissional perante o meu Clube, e por essa razão, não estariam jamais, reunidas as condições para exercer a minha actividade profissional no Sporting”, lamenta.

“Esta foi a minha casa durante 18 anos, sim a minha casa! Passei mais tempo no Sporting do que em casa dos meus pais”, sublinhou o jogador. “Foi o Sporting que me formou e me transformou naquilo que sou hoje, não só enquanto sportinguista, mas também enquanto profissional e ser humano. Foi sem dúvida uma casa que me criou a todos esses níveis! Seria impossível da minha parte ‘virar costas’ ou prejudicar esta grande família”.

“Por isso respeito e vou sempre respeitar todas as opiniões por parte dos adeptos, agradecendo todo o apoio que vou continuar a acompanhar de perto e com o coração”, garantiu o jogador português que se muda agora para a Liga Inglesa, onde vestirá a camisola do Wolverhampton nos próximos quatro anos.

“Sou e sempre serei um’ leão’”, conclui.

O jogador chegou ao Sporting em 1999. Estreou-se pela equipa sénior em 2006 e desde então só jogou pelo clube de Alvalade. Tinha contrato com o clube até 2022, com cláusula de rescisão de 40 milhões de euros. O seu afastamento aconteceu na sequência das agressões na Academia de Alcochete e do clima de crispação no clube, entre os jogadores e o ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho. A tensão remontava a uma derrota em Madrid, frente ao Atlético, na primeira mão dos quartos-de-final da Liga Europa, a 5 de Abril, quando Bruno de Carvalho criticou publicamente os seus jogadores, através da rede social Facebook, apontando o dedo à prestação individual de alguns atletas. O plantel, no qual se incluía Rui Patrício reagiu praticamente em bloco e acusou Bruno de Carvalho de falta de solidariedade quando a equipa mais necessitava. Bruno de Carvalho respondeu com uma a ameaça de uma suspensão colectiva a todos os que partilharam a publicação. A suspensão acabou por não acontecer, mas a tensão manteve-se.

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