O tamanho, a auto-estima masculina e um problema difícil de investigar

Existe uma relação entre o tamanho do pénis e o bem-estar de um homem? Uma socióloga norte-americana pediu fotografias a homens através da internet para estudar a questão, mas acabou por encerrar o estudo devido à excessiva atenção mediática de que se tornou alvo.

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Reuters/ALESSANDRO BIANCHI

Qual a relação entre o tamanho do pénis (e mais concretamente a percepção que um homem tem sobre as suas medidas) e a auto-estima de um indivíduo? A socióloga Alicia Walker, da Universidade Estadual do Missouri (MSU), nos EUA, recolhia dados para investigar a questão, mas foi obrigada a interromper a pesquisa. Em causa, um problema de metodologia. Ou melhor, da reacção do público à mesma. Walker tinha solicitado fotografias de pénis através das redes sociais, mas quando a história chegou à imprensa norte-americana, a cientistas começou a receber uma avalanche de imagens tal que se tornou impossível analisar tamanha quantidade de dados.

Inicialmente, a investigadora e professora assistente da MSU estimava precisar do contributo de 3600 homens com 22 anos ou mais anos de idade: fotos e respostas a um questionário que incluía perguntas sobre a percepção que estes tinham em relação ao tamanho do seu pénis; se acreditavam que este estava acima da média, na média ou abaixo desta. Para referência, e segundo Walker, o tamanho médio do pénis registado nos EUA situa-se entre os 12,7 e os 14,2 centímetros. 

Walker estava especialmente interessada num fenómeno: o facto de muitos homens terem complexos em relação ao seu tamanho quando, na verdade, não têm motivos para tal. “Nem consigo dizer quantas pessoas submetem medidas que acreditam serem medianas e que na verdade estão acima da média”, disse a investigadora em entrevista ao jornal local Springfield News Leader.

A socióloga afirma que "a sociedade venera o tamanho do pénis" e que esse culto tem um "impacto" no bem-estar dos homens. Segundo Walker, a percepção do tamanho do pénis afecta a saúde, a actividade sexual, a utilização de preservativo e a auto-imagem de um homem. “Muitos homens vivem ansiosos por causa do tamanho do pénis”, disse.

A MSU defendeu a investigação de Walker, emitindo um comunicado a expressar que esta era "legítima" e que seguia "todas as normas". No entanto, a investigadora viu-se forçada a interromper o estudo devido aos efeitos da atenção mediática de que se tornou alvo. É que para além do número avassalador de fotografias que recebeu, e que impossibilitava uma análise rigorosa, Walker recebeu também uma grande quantidade de imagens manipuladas ou sem qualquer relação com o assunto estudado - incluindo imagens do desenho animado SpongeBob SquarePants

A agravar o problema, Walker recebeu ainda uma avalanche de telefonemas e emails da comunicação social e do público em geral: "passei a trabalhar muitas horas, a fazer demasiadas entrevistas telefónicas por dia, a tentar responder a muitos e-mails de cada vez”.

Walker lamenta a interrupção do estudo, reafirmando que contou com o apoio da MSU e que a sua decisão foi "voluntária". E defendeu que a questão deve voltar a ser estudada no futuro. “Continuo a acreditar que a relação entre o tamanho do pénis e a auto-estima é um objecto de estudo com importância académica, mas a reacção pública ao projecto ameaça a confiabilidade das respostas ao inquérito. A confiabilidade do estudo no seu todo ficou comprometida", disse num comunicado da universidade, que esclareceu ainda que todas as fotografias recebidas foram entretanto apagadas.

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