Barcelona nega envolvimento de ex-presidente em tráfico de órgãos após publicação de escutas

Jornal El Confidencial divulgou escutas telefónicas em Sandro Rosell fala sobre a "compra de um fígado" para o ex-futebolista Éric Abidal. Mas a justiça acabou por arquivar o caso e o clube nega categoricamente as suspeitas noticiadas.

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Sandro Rusell foi presidente do Barcelona entre 2010 e 2014. REUTERS/ Albert Gea

O ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell foi investigado por suspeita tráfico de órgãos, num processo entretanto arquivado mas cujas escutas telefónicas foram esta quarta-feira reveladas pelo jornal espanhol El Confidencial. Em causa estariam suspeitas em torna da compra de um fígado para Éric Abidal, antigo jogador e actual secretário técnico do clube. O transplante ocorreu em 2012, depois de o atleta ter sido diagnosticado com um cancro. Na altura foi dito que o dador seria um primo do futebolista que residia em França.

Esta quarta-feira, porém, o jornal espanhol colocou em causa a versão oficial com a divulgação de transcrições de escutas ao antigo dirigente do Barcelona, que está a ser investigado por suspeitas de crimes fiscais. Nas conversas telefónicas, Rosell terá “admitido implicitamente” que a história do primo de Abidal seria falsa. Os telefonemas interceptados pela Guardia Civil e a Polícia Nacional deram origem, em 2017, a uma segunda investigação às suspeitas de crime de tráfico de órgãos. 

Numa das conversas mantidas em Abril de 2017 entre Rosell e um indivíduo que não é identificado pelo jornal, é referida uma notícia do diário desportivo Sport em que Abidal tece críticas ao ex-dirigente do Barcelona. O indivíduo não identificado recorda então que os dois “compraram um fígado ilegal a esse tipo”, referindo-se em tom crítico ao antigo atleta.

“Dissemos que era do primo dele, que era do primo! Pagámos os dois anos de contrato. O que restava”, continua. A cada afirmação o ex-presidente do Barcelona responde que “sim”, segundo a transcrição.

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Eric Abidal com uma camisola a agradecer ao primo o transplante de fígado LUSA/Toni Albir

As autoridades espanholas confirmaram durante o dia que foi de facto aberta uma investigação a estas suspeitas, mas que o processo foi entretanto arquivado. O hospital em que o transplante foi realizado também se desmarcou da polémica, garantindo ter seguido "todos os procedimentos estabelecidos pelas normas em vigor". Por seu turno, e “devido à gravidade dos factos denunciados”?, a Organização Nacional de Transplantes (ONT) disse ao jornal espanhol que abriu um processo de averiguações que ainda decorre.

Em comunicado, o Barcelona “desmente redondamente qualquer irregularidade" cometida pelos seus antigos ou actuais responsáveis e critica a "falta de rigor na difusão de informações relativas a um tema tão sensível".

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