Rio sobre Santana: “ É uma figura que todos nós acarinhamos”

Líder do PSD revela que o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa o informou da entrevista à Visão em que mostrou vontade de abandonar o PSD e de criar um novo partido.

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Rui Rio e Santana Lopes disputaramas eleições directas no PSD LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Foi com alguma afectividade que o presidente do PSD, Rui Rio, se referiu nesta segunda-feira a Pedro Santana Lopes, seu adversário na corrida à liderança do partido, considerando-o um “militante especial” e um “activo que o partido perde”, caso venha a desfiliar-se do partido.

“Está cá quase desde o 25 de Abril, portanto é uma figura que todos nós acarinhamos dentro do partido. Se agora, no futuro, ele deseja estar fora do PSD, aí não tenho nenhum comentário a fazer. Neste caso, o futuro a ele pertence”, disse Rui Rio aos jornalistas, no final de um encontro com a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que decorreu na sede distrital do partido, no Porto.

Na semana passada, antes de conceder a entrevista à revista Visão, na qual admitiu abandonar o PSD e criar um novo partido político, Santana informou previamente o líder do partido (através de um SMS) e também lhe disse que uma eventual saída do PSD não acontecia por “nada relativamente a ninguém em especifico”, nomeadamente ao actual líder do partido. “Disse isso preto no branco”, revelou o ex-autarca do Porto, deixando para trás as inúmeras “trapalhadas” de que se queixou do seu adversário ao longo da campanha interna para a liderança dos sociais-democratas.

“O dr. Pedro Santana Lopes faz parte da história do PSD e faz parte muito mais por bons episódios e por bons motivos do que por motivos menos bons, isso é absolutamente inquestionável”, acrescentou o ex-presidente da Câmara do Porto num derradeiro elogio ao seu adversário com quem prevê falar por estes dias, sobre a sua eventual saída do partido.

Acerca da reunião com a delegação da CAP, liderada por Eduardo Oliveira e Sousa, o presidente social-democrata afirmou que serviu para aproximar o partido da Confederação da Agricultura Portuguesa. Prometeu dar todo o apoio a este organismo, mas também “apoiar o Governo em Bruxelas”, de forma a assegurar para Portugal a melhor negociação possível de fundos comunitários no âmbito da PAC (Política Agrícola Comum).

“Mal seria nós, neste momento, começarmos a fazer ataques e a prejudicar, com isso, a força que Portugal, como um todo, possa ter em Bruxelas”, declarou. E reiterou que “o Governo português está a tentar melhorar essa situação e aquilo que se impõe é que o PSD continue a fazer aquilo que tem feito nesta matéria, que é apoiar o Governo em Bruxelas”.

O objectivo é fazer com que Portugal receba mais fundos do que aqueles que neste momento se perspectivam. Está prevista uma “quebra brutal” nos apoios desenvolvimento rural em matéria da PAC para todos os países europeus, mas que “em Portugal se sente particularmente”. “No nosso caso, o segundo pilar pesa cerca de 50% e, portanto, uma quebra de 17% (…) é um problema realmente sério, mais para as finanças públicas portuguesas do que para a agricultura”, avisou o dirigente partidário. Se não houver margem de manobra para fazer crescer a fatia dos fundos comunitários, seria necessário ir buscar mais de 200 milhões de euros ao Orçamento do Estado português”, o que Rio consideraria “pesado” para o Governo.

Sobre a votação na generalidade, na sexta-feira, do pacote de alterações à lei laboral subscrito por todos os parceiros da concertação social menos a CGTP, Rio disse: “O apelo que nos foi feito foi no sentido de procurarmos que o acordo não seja desvirtuado no Parlamento relativamente aquilo foi apoiado na concertação social”. Segundo o ex-autarca do Porto, “a CAP teme que aquilo que foi assinado em concertação social possa ser desvirtuado através de propostas oriundas do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista”.

Reafirmando o “grande respeito” do PSD pela concertação social”, Rui Rio referiu que, embora a última palavra caiba ao Parlamento, “é muito importante não desvirtuar o acordo a que chegaram os vários parceiros sociais”.

À hora que decorria a reunião com a CAP, foi conhecido que a dívida pública portuguesa, em Maio, atingiu um novo máximo histórico em termos brutos de 250,3 milhões de euros - nada, no entanto, que surpreenda o líder do PSD. “A dívida pública portuguesa, particularmente a divida pública líquida, atingirá sempre máximos históricos enquanto Portugal tiver um défice no orçamento que é a soma do crescimento da dívida”, reiterou, frisando que o “crescimento da dívida – aquilo que verdadeiramente o Estado deve –, vai crescer sempre, enquanto em Portugal houver um défice orçamental". "E desde o 25 de Abril até hoje, tivemos todos os anos, sem excepção, um défice orçamental”, sublinhou.

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