Catarina Martins diz que está nas mãos do Governo desbloquear crise com professores

Sindicatos querem negociações, mas não abdicam da contabilização total do tempo de carreira.

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Paulo Pimenta

Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), criticou nesta segunda-feira a "intransigência" do Governo ao "abandonar as negociações" com os sindicatos dos professores. E salientou que está nas mãos do executivo "desbloquear a situação".

A coordenadora do BE afirmou ainda que o Governo tem de ter o problema resolvido "para discutir o Orçamento do Estado para [OE] 2019". Foi depois de uma reunião com os sindicatos de docentes e no dia em que a greve dos professores às reuniões de avaliação prossegue, agora com serviços mínimos decretados por um tribunal arbitral.

A representante do BE, sublinhou que esta é uma matéria já negociada e acordada no OE de 2018. “Não se pode compreender que se comece a discutir o OE para 2019, com uma norma de 2018 por cumprir.” E sugeriu que o PS está à espera de ter o PSD como "muleta" na questão.

"Preocupa-nos muito esta intransigência do Governo porque nos dá a impressão de que, eventualmente, até pela alteração de posições públicas do PSD, está confiante na posição do PSD para as negociações do OE para 2019 relativas aos professores", afirmou.

Os representantes da plataforma que reúne dez sindicatos de professores dizem-se disponíveis para voltar à mesa de negociações com o Ministério da Educação, mas consideram que a contabilização do tempo total da carreira (mais de nove anos de serviço que estiveram congelados) é "irrenunciável". João Dias da Silva, da Federação Nacional da Educação, afirmou no final da reunião com Catarina Martins que os sindicatos estão disponíveis para negociar a recuperação faseada do tempo total de serviço.

O dirigente do Sindicato de Todos os Professores (Stop), André Pestana, disse também esta segunda-feira que já se disponibilizou para voltar a negociar com o Ministério da Educação, sem obter resposta, tendo depositado uma coroa de flores simbólica à porta do ministério.

"Ao contrário do que o ministro diz, não tem estado presente nas últimas reuniões e o Stop apresentou, no dia 14 de Junho, uma proposta muito concreta para negociar e não obteve qualquer resposta. Disponibilizámo-nos para reunir a qualquer momento, se fosse necessário, e, até hoje, não obtivemos qualquer reacção", explicou André Pestana, em declarações à agência Lusa.

Na manhã de segunda-feira, a plataforma das dez organizações sindicais de professores que promovem a greve às avaliações entregou uma carta aberta manifestando "total disponibilidade" para a reabertura de negociações com a tutela para a recuperação do tempo de serviço.

Os professores têm protagonizado diversas greves, às avaliações em curso. A classe profissional exige, para efeitos de progressão na carreira, a recuperação de nove anos, quatros meses e dois dias de tempo de serviço congelado, ao passo que o Governo, na sua proposta mais recente, apontou para a recuperação de menos de três anos, tendo criticado a postura inflexível da outra parte.

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