O Diabo Veste Plástico — e, infelizmente, o mar também

Foi a quantidade de plástico presente no areal da praia de Esposende que chamou a atenção de Ana Maria Dinis para a gravidade do uso excessivo deste material — e o que lhe acontece depois de ser descartado. “Em Portugal são utilizadas mil milhões de palhinhas por ano, e por minuto, 1400 garrafas descartáveis”, alerta a jovem de 21 anos, que criou uma série de vídeos sobre o consumo de plástico.

O Diabo Veste Plástico é o projecto final de Ana Maria Dinis para a licenciatura em Ciências da Comunicação na Universidade do Minho, na vertente de audiovisual. A série conta com três mini-documentários animados de dois minutos, que criam uma narrativa sobre as consequências do plástico. “A primeira parte aborda o facto de o plástico estar muito colado nas nossas vidas e rotinas”, refere. “Hoje em dia, praticamente tudo o que consumimos em casa é descartável, está tudo envolvido em plástico mesmo quando não é preciso.”

O vídeo dá uma perspectiva da quantidade de plástico que usamos em Portugal e os números “são assustadores”: por ano, o peso total das escovas dos dentes descartadas equivale ao de 200 elefantes adultos; ao mesmo tempo, se colocarmos em fila todas as palhinhas de plástico consumidas pelos portugueses ao longo de 12 meses, é possível dar cinco voltas ao mundo.

No segundo vídeo, chama a atenção para o que acontece aos produtos descartáveis depois de os usarmos: “Ou ficam nos aterros ou vão directamente para a natureza, especialmente para o mar.” Apenas 9% do plástico produzido é reciclado e cerca de nove milhões de toneladas de produtos descartáveis são despejadas nas águas, acabando por poluir e destruir a fauna e a flora marinha.

Finalmente, na última parte do projecto, o tom é "mais optimista", fugir ao plástico não é assim tão difícil. “O plástico é um problema, mas, aos poucos e adoptando outras opções, podemos fazer a diferença”, acredita a jovem de Baião. Actualmente, as alternativas estão disponíveis em todo o lado e só dependem de um pequeno esforço na mudança de alguns hábitos. No dia-a-dia, Ana Maria tenta contribuir o melhor que consegue: começou pela “regra mais básica de todas” — levar o próprio saco quando vai às compras — e depois trocou a escova de dentes tradicional por uma biodegradável de bambu, as embalagens de champô por um champô sólido e os produtos embalados pelos a granel.