Morrer por um golo

O que causa espanto é a enorme dificuldade de marcar golos. Só pode ser por isso que são tão celebrados.

Continuo mistificado com as reacções dos portugueses aos resultados da selecção. Portugal foi eliminado mas há muitas pessoas que estão contentes porque Portugal jogou bem. Os resultados são os que ficam registados. Para a história não fica uma única alínea para dizer ao futuro quem é que jogou bem e quem é que merecia ganhar.

Aliás basta ver os excelentes resumos no site da FIFA para saber a única coisa que interessa: golos. Os resumos - todos com a duração de 2 minutos e 11 segundos - resumem-se aos golos e, quando não há golos que cheguem, aos golos falhados.

Golos falhados não são oportunidades de golo. Nem sequer são golos. É por não serem golos que são falhados. Quando se diz que uma equipa teve muitas oportunidades de golo o que se quer dizer é que não conseguiu marcar golo muitas vezes. Para além dos golos a sorte tem uma influência enorme. Ninguém manda na sorte. E a sorte tanto pode ser justa - recompensando o merecimento - como injusta.

Aquilo que fica desta selecção é que fez tudo para ganhar. Mais do que isso não se pode pedir. De resto o Uruguai marcou mais um golo do que nós - e isso chega. Não é novidade nenhuma. Já fomos nós a beneficiar dessa simplicidade. E já nos lixámos por causa dela.

O que causa espanto é a enorme dificuldade de marcar golos. Só pode ser por isso que são tão celebrados. Mesmo os melhores jogadores do mundo vêem-se aflitos para marcar um golo. Os golos são preciosos. O futebol, de facto, dá-lhe a importância que merecem. Isso ao menos está certo­.

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