A empresa do "caso Nicol" no Porto faz segurança à Casa Pia e EDP

Empresa de segurança 2045 continuava sem esclarecer nesta sexta-feira se o fiscal que se vê num vídeo com os joelhos em cima de uma jovem ainda está ao serviço. Com 3000 funcionários, tem uma carteira vasta de clientes, segundo se lê no seu site.

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Quatro dias depois das agressões, Nicol ainda apresentava o rosto ferido Nelson Garrido

Os partidos pediram contas ao Governo. O Ministério da Administração Interna abriu um processo administrativo. A STCP — Sociedade de Transportes Colectivos do Porto já disse que nunca mais trabalha com o segurança acusado de agressão racista à jovem Nicol Quinayas no Bolhão, na noite de 24 de Junho. O Ministério Público abriu um inquérito e o caso está a ser investigado.

Mas até agora, a entidade que se manteve praticamente em silêncio foi a 2045, a empresa para quem o segurança trabalha e que faz a fiscalização na STCP. Num curto comunicado no dia 27, apenas disse que estava a fazer averiguações internas. Nesta sexta-feira continuava sem esclarecer se o fiscal ainda estava ao serviço.

Fundada em 1990 pelo “Capitão de Abril” e comando Jaime Neves e pelo comando Sousa Gonçalves, a 2045 tem três mil funcionários e várias grandes empresas como clientes, segundo se lê no seu site: a EDP, o ISCTE, a Casa Pia, o IEFP, a ANA, o Continente, a Sonae Sierra (proprietária do PÚBLICO), o Sporting Club de Portugal, os Transportes de Lisboa, o Metro do Porto, a Direcção Geral dos Serviços Prisionais e o Instituto de Segurança Social, entre outras mencionadas. O Estado Maior-General das Forças Armadas pagou-lhe, em Maio de 2013, 53.574,33 euros (foi substituída em 2016 por outra empresa), de acordo uma investigação do PÚBLICO.

Nicol Quinayas, colombiana de 21 anos que vive em Portugal desde os cinco, acusou o fiscal da 2045 de a agredir brutalmente e de ter proferido insultos racistas na noite de São João, como “Tu aqui não entras, preta de merda!" Várias testemunhas confirmam-no. Nicol diz também que os polícias que se deslocaram à paragem de autocarros onde tudo aconteceu não a identificaram. A PSP só elaborou o auto do acontecimento no local três dias depois e tem estado debaixo de críticas por isso.

O segurança da empresa que faz a fiscalização dos autocarros da STCP é visto num vídeo que circula na Internet com os joelhos em cima do corpo da jovem, a imobilizar-lhe o braço. Há sangue no chão.

O Ministério da Administração Interna (MAI) afirmou que a Inspecção-Geral da Administração Interna pediu à Direcção Nacional da PSP para averiguar o que se passou, através de um processo administrativo. Por sua vez, a PSP diz que foi aberto um processo de averiguação interno. O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, afirmou em comunicado que “não tolerará fenómenos de violência nem manifestações de cariz racista ou xenófobo”.

 

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