Trabalhadoras de limpeza do Hospital de Aveiro em greve até à meia-noite
As trabalhadoras de limpeza da empresa Ferlimpa II, que presta serviço ao Hospital de Aveiro, estão em greve até à meia-noite, para reivindicar o cumprimento do Contrato Colectivo de Trabalho.
A greve foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas (Stad) e, segundo Eduardo Teixeira, coordenador regional do Norte daquele sindicato, está a ter uma adesão de 50%.
"A empresa comprometeu-se com o sindicato, por escrito, que ia começar a cumprir com algumas normas do Contrato Colectivo. Parecia que estávamos numa boa-fé negocial. O que é certo é que, na prática, veio-se a constatar que a empresa não cumpriu com aquilo a que se propôs, nomeadamente pagar o subsídio de refeição conforme manda o contrato colectivo e o código de trabalho", acusa Eduardo Teixeira.
O dirigente sindical refere que há pessoas que trabalham seis dias por semana e só recebem o subsídio de refeição por cinco dias e afirma que também não está a ser cumprida a Lei no pagamento dos feriados.
"O trabalho prestado em dia feriado tem que ser pago a 100% e mais um dia de compensação, para além do salário, quando o que fazem é pagar a 15 e a 16 euros, conforme o horário de trabalho", relata.
Receber no último dia útil do mês é outra das reivindicações, o que é corroborado por Clara Maia, que trabalha no Hospital de Aveiro e faz parte do piquete de greve.
"Estamos aqui em luta porque somos roubados em tudo: somos roubados na dignidade, somos roubados no ordenado, não nos pagam a horas no fim do mês e não pagam subsídio de alimentação em condições para quem trabalha de esfregona o dia inteiro", comentou.
Sérgio Leitão, da gerência da Ferlimpa II, disse à Lusa não estar na posse de dados sobre a adesão à greve, até porque só termina à meia-noite, mas confirmou que estão a ser assegurados os serviços mínimos.
Já quanto aos motivos da paralisação diz que se trata de uma greve "política" porque a postura da empresa tem sido de diálogo e disponibilidade para corrigir eventuais situações de incumprimento, se existirem.
"Estou desde o dia 19 à espera que os representantes sindicais e as trabalhadoras nos tragam o recibo de vencimento, para nós corrigirmos alguma situação ou lapso que possa ter ocorrido, mas ainda não recebemos qualquer comunicação", sublinha.
O representante da empresa garante que "houve um esforço da Ferlimpa II para chegar a um entendimento com os sindicatos", com quem reuniu nesse dia 19, no Porto".
"Numa negociação tem de haver cedências mútuas e em quatro pontos, nós cedemos em três. A empresa não tem nada em dívida com ninguém, pagamos a tempo e horas e respeitamos o que são os direitos das nossas trabalhadoras. Não podemos é depois entrar em questões ideológicas", concluiu.
Na semana passada, num protesto raro, várias centenas de trabalhadores da limpeza foram para a rua manifestar-se em Lisboa.