“Os milagres acontecem” e Shakira voltou para “uma noite inesquecível”

O concerto na Altice Arena, da digressão de promoção de El Dorado, tinha sido adiado em Novembro e realizou-se finalmente na quinta-feira à noite.

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Coxa, Cantor e compositor
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Shakira, Concerto
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Logo ao início do concerto, Shakira afirmou, num português do Brasil fluente, que ainda há meses pensava que não voltaria a cantar. “Mas os milagres acontecem”, continuou, chamando aos fãs portugueses “amigos”. É que, em Novembro de 2017, toda a digressão de promoção de El  Dorado, o 11.º álbum da cantora colombiana, foi adiada quando Shakira sofreu uma hemorragia nas cordas vocais. Em Maio desse ano, quando o disco saiu, Shakira tinha dito ao The  New York Times que, antes de o álbum ser feito, duvidou que fosse lançar outra colecção de canções. Ou seja, o concerto de quinta-feira à noite em Lisboa podia nunca se ter realizado, mas realizou-se.

Mesmo que a Altice Arena, um sítio que a colombiana já esgotou antes, não estivesse lotada, a colombiana regressou finalmente àquela sala pela primeira vez desde Novembro de 2010, e não parou de falar sobre o quão radiante estava com isso — “esta é uma noite inesquecível”, disse.

Do alinhamento, idêntico ao do primeiro concerto da digressão (a 3 de Junho em Hamburgo, Alemanha), constavam sete das 13 canções de El Dorado. Com luzes apagadas e telemóveis ao alto, Estoy aquí, êxito com quase 23 anos, foi o primeiro tema da noite, mais ou menos 15 minutos após a hora marcada para o início da actuação, e teve direito a confetti disparados de um canhão. Ouviu-se no espanhol original, apesar de haver uma versão em português, língua na qual Shakira falou entusiasticamente ao longo de toda noite — a dada altura, chegou a dirigir-se à banda em português, para logo perceber que os músicos, liderados pelo guitarrista e produtor Tim Mitchell, não são tão fluentes na nossa língua quanto ela.

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Miguel A. Lopes / Lusa

Antes de Shakira, o norte-americano DJ Salva, que fez a primeira parte, passou temas como Turn down for what, de DJ Snake e Lil  Jon, tendo abandonado o palco 20 minutos antes das nove da noite, deixando meia hora de intervalo entre actuações, um compasso de espera estranho em que os dois círculos dourados no fundo do palco, com ecrãs que mostravam a hashtag da noite (#ShakiraLisbon), desafiavam os espectadores a juntarem-se ao Viber, a aplicação de mensagens oficial da digressão.

Crianças, futebol e fãs

Nesses mesmos ecrãs, durante o concerto eram mostradas imagens, incluindo fotografias da cantora ao longo da sua vida, no caso de Estoy  aquí, ou as pessoas com quem Shakira cantava o tema originalmente, como Rihanna no reggae de Can't remember to forget you — que acabou com a colombiana a tocar bateria e a erguer as baquetas cruzadas no ar — ou Carlos Vives no quase vallenato de La bicicleta, que fechou o concerto. Não foi o único instrumento que Shakira tocou: recorreu a um pequeno teclado, e a guitarra tanto acústica, como em Amarillo, quanto eléctrica, como em Inevitable, também lhe passou pelas mãos.

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Houve espaço para a dança à la Thriller de Michael Jackson de She Wolf, baladas como Nada, de El  Dorado, com simulação de fogo-de-artifício atrás, ou Inevitable — “uma música que não posso deixar de cantar hoje” —, os movimentos de ombros, ancas e cabelo de Shakira, interlúdios, como uma animação sobre o mito de Chiminigagua, da tribo muísca, precedeu a dança do ventre de Whenever, wherever, ou, antes do encore, um pequeno vídeo sobre crianças que andam longas distâncias todos os dias para irem para a escola na Índia, Marrocos ou Argentina, tudo para dar tempo para as mudanças de roupa da colombiana e para a balada Toneladas, também do último álbum.

Antes desse mesmo encore, o Mundial de Futebol que decorre foi recordado com La la la (Brasil 2014) e Waka waka (this time for Africa), do Mundial 2010 na África do Sul. Shakira saiu do palco após repetir que “?somos todos África” e, passada uma hora e meia após ter entrado em cena, as luzes apagaram-se outra vez e o público bateu pés e palmas até ela voltar. Nesse encore, a cantora desceu do palco, cumprimentou os fãs e voltou com uma bandeira de Portugal, para depois entrar em Hips don't lie, com o teclista Albert Menendez a fazer a parte de Wyclef Jean.

Durante La bicicleta, os canhões dispararam confetti, desta vez a apanhar mais áreas da sala do que da primeira vez. Já sem Shakira e os músicos em palco, e com os créditos do vídeo sobre crianças que vão para a escola em pano de fundo, ouviu-se Clandestino. O single, que não aparece em El Dorado mas foi lançado este mês para promover a digressão, é feito em colaboração com o também colombiano dado ao reggaeton Maluma, que também canta em Chantaje, tema que se fez ouvir ao vivo no concerto. Esta noite podia nunca ter acontecido, mas aconteceu.

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