Data das autárquicas em risco devido ao desarmamento da Renamo

Maior partido da oposição quer três meses para desarmar. Frelimo pediu adiamento de debate parlamentar para discutir e aprovar lei eleitoral.

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Forças da Renamo: elementos da guarda pessoal do falecido líder Afonso Dhlakama ANTONIO SILVA/LUSA

O segundo maior partido moçambicano, a Renamo, pediu um prazo de três meses para integrar os seus combatentes armados nas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique. Este atraso faz alguns analistas temer que as eleições autárquicas de Outubro possam não acontecer.

Por causa do pedido da Renamo, o Parlamento desmarcou uma sessão extraordinária que devia realizar-se este mês para aprovar a legislação que regerá as autárquicas de 10 de Outubro.

O investigador Borges Nhamire, do Centro de Integridade Pública, de Maputo, disse à emissora alemã Deutsche Welle que a situação compromete seriamente o calendário eleitoral. "Não se esperava mais nenhum adiamento, porque há prazos de submissão de candidaturas, por exemplo, que devem ser observados. E a lei deve ser revista e isso é muito urgente, porque sem esta legislação não há como submeter as candidaturas.”

Já houve dois outros adiamentos a este debate: um relacionado com o censo geral da população, que atrasou o recenseamento eleitoral pela primeira vez; e quando o recenseamento ia iniciar-se, teve de ser de novo adiado, porque foi preciso realizar a segunda volta das eleições intercalares em Nampula.

Manuel Bissopo, secretário-geral da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) afirmou, citado pela Agência de Informação de Moçambique, que o processo de desmilitarização está a decorrer normalmente, dentro dos acordos entre o falecido líder do partido, Afonso Dhlakama, e o chefe de Estado, Filipe Nyusi. "A Renamo quer que esta paz seja para sempre, a intenção é que não exista apenas uma única força com armas, para que não sejam essas a matar-nos amanhã", declarou o também deputado no parlamento moçambicano pela Renamo.

Mas o pedido de adiamento do debate foi feito pelo pela Frelimo, evocando a falta de avanços no desarmamento da Renamo. António Amélia, vice-Presidente do Parlamento e deputado da Frelimo, disse, citado pela Deutsche Welle, que “as eleições devem ter lugar sem que nenhuma força política concorrente seja detentora de armas, pois isso contribuiria para inquietar e retirar a tranquilidade dos concorrentes e da população”.

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