Espinho tem uma nova política de apoio animal

Com o canil municipal cheio, onde agora é proibida a eutanásia, a Câmara vai dar apoio monetário a associações locais. A Patinhas sem Lar vai receber 18 mil euros por ano.

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Samuel Martins

A Câmara Municipal de Espinho revelou esta terça-feira novas estratégias de apoio a animais para corresponder à legislação actual e às necessidades que as estruturas intermunicipais não conseguem suprir, o que passa por esterilizações e subsídios a associações protectoras.

"A Câmara não tem resposta para acolher todos os animais errantes que deveriam ficar no canil municipal, onde agora é proibida a eutanásia, e o canil regional da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria também está sempre em overbooking, pelo que, mesmo encontrando-se em fase de ampliação, rapidamente terá a sua capacidade de novo esgotada", explicou à Lusa o presidente da autarquia, Joaquim Pinto Moreira.

"Ora, como não há capacidade de resposta institucional para o problema dos animais abandonados, decidimos recorrer ao associativismo local e apoiar mais as instituições que já vêm acolhendo cães e gatos errantes há muito tempo e conseguem umas 150 adopções por ano", declarou o autarca.

Se antes a Câmara Municipal disponibilizava apenas apoio logístico a esses organismos, o que envolvia aspectos como a cedência de lojas, a oferta de materiais de construção, a gratuitidade de lugares de estacionamento e a ajuda na organização de actividades para angariação de fundos, agora a estratégia inclui também a atribuição de 18 mil euros anuais à associação Patinhas Sem Lar, que gere dois abrigos no concelho.

"Também apoiamos a Bobby e Companhia e a associação MarAnimais, mas a Patinhas Sem Lar é a que tem maior dimensão em Espinho e, no fundo, vem-se substituindo um bocado ao que os organismos públicos não têm conseguido fazer sozinhos", justificou Pinto Moreira. "Com este apoio, a instituição vai agora reforçar a sua actividade e acolher mais alguns animais", afirmou.

"Toda a gente tem que ser responsável"

Entretanto, também está a decorrer no concelho o programa de esterilização animal que em 2017 venceu a primeira edição do Orçamento Participativo de Espinho e ganhou para esse efeito 50 mil euros.

O projecto foi aberto a todas as clínicas veterinárias do município, abrange também famílias sem capacidade financeira para assegurar essas castrações e, segundo Joaquim Sá, chefe da Divisão Municipal de Serviços Básicos e Ambiente, “é uma boa medida para controlar a população” de animais errantes.

"Há gente que se diz contra a esterilização, mas depois deixa os seus animais fazerem o que lhes apetece cá fora e, quando as fêmeas da rua se reproduzem, isso só gera mais abandonados", defendeu esse responsável. "É preciso que essas pessoas percebam que estão a contribuir para o problema e que toda gente tem que ter um comportamento responsável — não podem ser só as entidades públicas a ser responsabilizadas", argumentou.

Nesse mesmo contexto, Joaquim Sá disse estar "ultrapassada" a polémica gerada há alguns anos quando o Município definiu coimas para quem alimentasse animais na via pública.

"As pessoas atiravam escamas de peixe para os terrenos e deixavam-nas lá ficar a largar cheiro; punham comida para os gatos na rua e deixavam-na lá todo o dia a atrair ratos; havia gente que saía do apartamento e ao chegar à porta da rua tinha tudo cheio de comida no chão", recordou o chefe da Divisão de Ambiente.

"Estávamos a receber muitas queixas e as coimas foram uma maneira de impor regras — não se tratava de impedir que dessem comida, mas sim de obrigar a que deixassem a via pública limpa, porque não é por quererem ajudar os animais que podem pôr em causa a salubridade e saúde pública", declarou.

Mesmo assim, Joaquim Sá acredita que o problema dos animais errantes ainda demorará a resolver-se e "deverá até acentuar-se no período do verão", quando "é típico que as pessoas os abandonem para ir de férias e até venham de outros concelhos largá-los em Espinho para serem as instituições locais a ficar com eles".

A sua perspectiva é, por isso, de que "o futuro terá que passar pela construção de mais um canil" no concelho. "Por enquanto, está tudo controlado com o investimento da Câmara e com o trabalho das associações, mas a certa altura isso não vai chegar", concluiu.

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