“O que eu tenho na cara não me define”
Amber tem uma marca de nascença na face. Perguntam-lhe, repetidas vezes, o que tem na cara. Tal não deveria importar, responde. Amy tem vitiligo. "Ninguém vai casar contigo com essa pele", dizem-lhe. "Eu amo-me a mim mesma apesar do vitiligo e se tu não, então não me mereces", riposta. Bice, por seu turno, não tem qualquer pêlo no corpo, devido a um problema genético. "Porque é que és careca?", questionam, inúmeras vezes. Ele não poupa nas palavras na reacção. "É rude", diz, "perguntar a alguém por que razão se parece de determinada forma".
Com este trabalho fotográfico, o fotógrafo nova-iorquino Peter DeVito quer "mostrar como é injusto julgar alguém unicamente pela sua aparência física". Para isso, pede a modelos com problemas de pele que colem na cara uma pergunta ou afirmação com a qual se deparam frequentemente e fotografa-os; depois, capta também a resposta escrita de cada um deles, que publica na sua conta de Instagram como uma segunda imagem.
“Eu gosto de tratar estas temáticas porque sinto que é extremamente importante discuti-las, mas que isso não é feito o suficiente”, explicou Peter, em declarações por email ao P3. Depois de uma primeira série de fotografias focada em pessoas com problemas de acne e na obsessão mundial com os programas de edição de imagem para remover qualquer imperfeição, o fotógrafo quer agora com este projecto dar voz àqueles que sofrem de doenças de pele, como vitiligo, alopecia e albinismo. Espera, desta forma, que mais pessoas se possam identificar com as histórias dos retratados e, assim, mudar a forma como se vêem a si mesmas.
“O meu trabalho conta uma história que eu não consigo vocalizar, que não consigo descrever com palavras”, diz o jovem fotógrafo e ilustrador. “Eu não quero que as pessoas vejam a minha arte só por aquilo que é à superfície, quero que pensem no que estão a ver e no seu significado.”
O feedback, diz, tem sido muito positivo. E acredita que se assiste hoje a uma mudança global: "As pessoas estão a começar a perceber a importância de contratar modelos com diferentes tipos de corpo e pele de forma a fazer uma representação mais exacta do mundo em que vivemos."