A Argentina agarrou-se à vida e ao Mundial

Com muito sofrimento, a vice-campeã mundial venceu a Nigéria e garantiu a passagem aos oitavos-de-final, onde vai defrontar a França. Messi estreou-se a marcar na Rússia, mas foi Rojo o herói da “albiceleste

Messi e Rojo fizeram os golos da Argentina
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Messi e Rojo fizeram os golos da Argentina Reuters/HENRY ROMERO
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Foi preciso sangue, suor e lágrimas, mas a Argentina garantiu finalmente um lugar nos oitavos-de-final do Mundial 2018. Durante largos minutos a vice-campeã esteve com os dois pés fora da competição que decorre na Rússia, mas um milagre aconteceu no relvado de São Petersburgo e os argentinos escaparam com vida. O triunfo sobre a Nigéria (2-1), aliado à derrota da Islândia na outra partida do Grupo D, permite a Messi e companhia marcar encontro com a França nos oitavos-de-final. A qualidade pode ter faltado em algumas alturas, mas a alma esteve sempre lá – e isso fez a diferença.

Nunca a Argentina tinha saído de um Campeonato do Mundo sem uma vitória para amostra. E também não foi em 2018 que esse tabu histórico foi quebrado, ainda que a possibilidade tenha sido bastante real. As estrelas alinharam-se, Messi estreou-se a marcar ao terceiro jogo neste Mundial, e há mais um capítulo para a “albiceleste” escrever na Rússia.

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Marcos Rojo vestiu a pele de herói ao fazer o golo decisivo, redimindo Mascherano, que cometera o penálti que deu esperança à Nigéria. Maradona, na bancada, era o espelho do carrossel de emoções vivido pelos adeptos argentinos: levou as mãos à cabeça quando os africanos fizeram o 1-1; mostrou o dedo do meio quando o defesa ex-Sporting marcou o 2-1.

Sem depender apenas de si própria, a equipa orientada por Jorge Sampaoli entrava em campo obrigada a ganhar e a torcer para que a Islândia não vencesse a Croácia. O técnico mudou quase meia equipa: cinco alterações no “onze”, com as entradas de Rojo, Banega, Di María e Higuaín, para além da presença de Franco Armani na baliza. O guarda-redes de 31 anos fez a estreia absoluta pela selecção argentina.

No segundo lugar do Grupo D, e a precisar de um empate para avançar para os oitavos-de-final, a Nigéria desejava atrasar ao máximo um eventual golo que moralizasse os argentinos. Sem sucesso: Messi mostrou-se finalmente na Rússia e inaugurou o marcador com um lance superlativo. Tudo começou num passe soberbo de Banega, a que o “10” correspondeu com uma recepção magistral. Em movimento: coxa esquerda, pé esquerdo, e remate com o pé direito a enviar a bola direitinha para o fundo da baliza. Um golo que junta Messi a Maradona e Batistuta no grupo dos argentinos que marcaram em três edições do Campeonato do Mundo.

Num livre directo, pouco depois, o 2-0 esteve à vista. Mas Messi viu Uzoho desviar levemente a bola, que acertou no poste da baliza nigeriana antes de afastar-se.

Porém, em vez de empolgar-se, a Argentina surgiu amorfa na segunda parte e não tardou a ser penalizada por isso. Mascherano agarrou Balogun na área e o árbitro da partida apontou para a marca de penálti. Moses, com frieza siberiana, enganou Armani e restabeleceu a igualdade. As coisas corriam de feição para os nigerianos, até porque pouco depois, na outra partida, a Islândia ficava a perder com a Croácia.

Era o período de maior sofrimento da Argentina, a lembrar a equipa à deriva que se vira no jogo contra a Croácia, que a “albiceleste” perdeu por 0-3. Ndidi, de muito longe, fez a bola passar ligeiramente acima da trave. E aos 75’ um lance podia ter mudado toda a história: Rojo falhou clamorosamente, deixando a bola à mercê de Ighalo – mas o remate do nigeriano saiu ao lado. Porém, as imagens mostram que o defesa tocou a bola com o braço, embora o juiz da partida, após consulta às imagens do videoárbitro, tenha decidido não assinalar nada.

A Argentina ainda respirava. Mal, mas respirava. Higuaín, com tudo para marcar na sequência de uma bola vinda da esquerda, atirou por cima. Maradona levou as mãos à cabeça, mas pouco depois estava a usá-las para mostrar o dedo do meio esticado: Rojo, à ponta de lança, surgiu na área a desferir um remate imparável, de pé direito, após passe de Mercado. Um turbilhão de sentimentos inundou São Petersburgo. A Argentina vive para enfrentar a França nos oitavos-de-final.

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