Erdogan declarou vitória, oposição duvida da contagem dos votos

Oposição uniu-se e critica forma como media estatais estão a cobrir a contagem dos votos. Curdos do HDP já garantiram a entrada no Parlamento, tal como o IYI da nacionalista Meral Aksener.

,
Fotogaleria
Apoiantes de Erdogan comemoram vitória anunciada,Apoiantes de Erdogan comemoram vitória anunciada Goran Tomasevic/REUTERS,Goran Tomasevic/REUTERS
,
Fotogaleria
Erdogan e o AKP estão a ser apontados como vencedores pelos media turcos,Erdogan e o AKP estão a ser apontados como vencedores pelos media turcos Alkis Konstantinidis/REUTERS,Alkis Konstantinidis/REUTERS
Muharrem Ince, Recep Tayyip Erdogan, Turquia
Fotogaleria
Murrahem Ince, o principal candidato da oposição Osman Orsal/REUTERS
Carro de luxo pessoal, carro, carro da cidade, carro compacto, carro esporte, auto show
Fotogaleria
Festa perto do palácio presidencial Tarabya, em Istambul,Festa perto do palácio presidencial Tarabya, em Istambul Alkis Konstantinidis/REUTERS,Alkis Konstantinidis/REUTERS
produtos
Fotogaleria
Contagem dos votos SEDAT SUNA/EPA

A televisão turca está a noticiar que Recep Taiyyp Erdogan tem 53% nas eleições presidenciais, quando a agência Reuters diz estarem contados 99% dos votos. Nas legislativas, o seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento teria 295 deputados. Mas o principal candidato da oposição, Murrahem Ince, que nos resultados oficiais tem 30,76% diz que na verdade foram contados muito menos votos e está em curso uma grande manipulação da percepção dos eleitores turcos. O seu partido mantém a esperança de obrigar Erdogan a uma segunda volta nas presidenciais.

Só na segunda-feira haverá resultados definitivos destas eleições que Erdogan convocou com 18 meses de antecendência em relação ao previsto. A participação atingiu 87%.

Mas o principal candidato da oposição, Murrahem Ince, do Partido Republicano do Povo (CHP), denuncia a forma como a agência Anadolu e outros media  a quase totalidade controlados pelo governo ou empresas favoráveis a Erdogan estão a noticiar a contagem dos votos. Diz que o objectivo é manipular a percepção dos eleitores turcos.

"Os sistemas do Comissão Eleitoral mostram que só foram contados os votos em 39% das urnas", afirmou o CHP, citado pelo jornal Hürriyet Daily News, apelando aos seus eleitores que não deixassem as assembleias de voto. O CHP continua a defender que vai haver segunda volta nas presidenciais.

Mahir Ünal, porta-voz do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), de Erdogan, afirmou que é "inaceitável que a Anadolu esteja a ser ameaçada pela oposição", e que o partido do governo protege todos os votos.

Nas eleições turcas, os primeiros resultados a surgir são sempre de regiões rurais, menos povoadas favoráveis ao AKP de Erdogan. Só bem mais tarde há resultados das grandes metrópoles, como Istambul ou Esmirna, mais favoráveis à oposição laica.

Com mais de 95% dos votos contados, segundo a Anadolu, o CHP teria 146 deputados.

A rede independente de monitores eleitores Fair Elections colocam Erdogan à frente, e com mais de 50%, de acordo com o serviço em turco da BBC. Só que enquanto a agência noticiosa turca dava como contados 86,5% dos votos, o grupo de monitores independente dizia que apenas 43,3% dos votos estavam certificados.

O serviço em turco da BBC sublinha a diferença dos resultados que estão a ser noticias pela agência noticiosa Anadolu e a rede de monitores independentes que controla as eleições a diferença é de cerca de dez pontos.

Se Murrahem Ince conseguir forçar uma segunda volta com Erdogan que aconteceria a 8 de Julho , isso teria já um meio sabor a vitória. Os restantes partidos da oposição comprometeram-se a apoiar Ince.

Desde que acabou a votação, Ince apelou aos seus apoiantes para “não perderem de vista as urnas”, até terem sido contados os votos e assinados os resultados antes de serem enviados para os serviços centrais, por haver grande receio de fraude – há várias notícias de suspeitas de tentativa de encher as urnas e intimidação.  

Curdos no Parlamento

Antes desta polémica, a agência noticiosa tinha relatado que o HDP, partido pró-curdo, tinha 11,3% - conseguiu ultrapassar a barreira dos 10% para entrar no Parlamento, obtendo 66 deputados. A entrada do HDP poderá pôr em risco a maioria do AKP na primeira vez que isso aconteceu, em 2015, passaram-se meses sem que o partido de Erdogan conseguisse formar governo, e foi lançada uma ofensiva no Sudeste da Turquia, de maioria curda.

Quem conseguiu também entrar no Parlamento foi o IYI (o Partido do Bem), da nacionalista Meral Aksener, que teria 44 deputados. O IYI coligou-se com o resto da oposição (à excepção do HDP).

Após estas eleições, entra em vigor a nova Constituição, aprovada em referendo no ano passado, que dá poderes executivos alargados ao Presidente, diminuindo as funções fiscalizadoras do Parlamento. O cargo de primeiro-ministro é abolido.

Embora os deputados percam poderes, será uma assembleia diferente da que Recep Taiyyp Erdogan teve nos últimos 16 anos, em que se transformou na força dominante da política turca. Mas, embora o AKP possa perder a maioria, concorreu aliado à formação de extrema-direita MHP, que sai reforçada nestas eleições embora as sondagens fizessem esperar exactamente o contrário.

Notícia actualizada às 7h10: Actualiza informação sobre votos.

Sugerir correcção
Ler 15 comentários