Francesa detida após cruzar acidentalmente a fronteira com os EUA enquanto corria

Mulher de 19 anoscorria junto à fronteira quando, sem se ter apercebido, entrou nos EUA. Passou duas semanas num centro de detenção.

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Ao contrário do que acontece na fronteira entre os EUA e o México (nesta foto), a linha que separa os EUA do Canadá não está visivelmente assinalada em grande parte da sua extensão, Reuters/MIKE BLAKE

A marginal de White Rock, uma cidade na Columbia Britânica, uma das dez províncias do Canadá, é um lugar ideal para correr. E foi isso que Cedella Roman, uma jovem francesa de 19 anos que estava no país de visita à sua mãe, decidiu fazer, no passado dia 21 de Maio. O que não podia imaginar era que por causa disso, ao ter acidentalmente cruzado a fronteira com os Estados Unidos, acabaria por passar duas semanas num centro de detenção norte-americano para imigrantes ilegais.

O jornal The Washington Post conta a história. A linha de demarcação entre os dois países dista apenas cinco quilómetros do passadiço de madeira onde os habitantes locais costumam fazer jogging.

E Cedella Roman garantiu a uma cadeia de televisão canadiana que não viu quaisquer sinais indicativos da fronteira e que só se apercebeu que a corrida a tinha levado até outro país quando dois agentes responsáveis pelo patrulhamento da fronteira a abordaram.

“Disse-lhes que não o tinha feito de propósito e que não estava a perceber o que estava a acontecer”, relatou.

A adolescente não levava consigo qualquer documento de identificação mas achou, num primeiro momento, que os oficiais a deixariam prosseguir com uma simples admoestação. Em vez disso, os agentes detiveram-na e, no dia seguinte, a jovem foi transferida para um centro de detenção de imigrantes na cidade de Tacoma, no estado de Washington, a cerca de 200 quilómetros do local onde fora detida.

Cedella esteve detida até ao dia 5 de Junho, altura em que, após semanas de processamento e às voltas com papelada, foi levada de volta para a fronteira e “devolvida” ao Canadá.

Quando questionados pelo The Washington Post sobre as razões de tal demora, os serviços alegaram que o facto de a jovem ser uma cidadã francesa, ao invés de canadiana, atrasou o processo.

“Mandaram-me tirar todos os meus pertences, incluindo as minhas jóias. Revistaram-me de todas as maneiras. Foi aí que percebi que o assunto era sério e chorei um bocado”, recordou Cedella, sobre o momento em que a mandaram entrar para uma carrinha de transporte de prisioneiros.

A mãe, Christiane Ferne, considerou que a detenção da sua filha foi “uma armadilha” e garantiu que disponibilizou todos os documentos logo que foi contactada pelas autoridades. “Qualquer um pode ser apanhado a cruzar ilegalmente uma fronteira que não dispõe de placas de sinalização”, acusou.

As autoridades canadianas confirmaram ter recebido os documentos que atestavam a presença legal de Cedella no país logo no dia 24 de Maio e que, no dia 29, se declararam dispostos a deixar a adolescente reentrar no país. “Não é claro por que razão não foi logo enviada de volta”, declararam ao jornal norte-americano.

Já as autoridades norte-americanas lembraram que cabe aos que cruzam a fronteira fazerem-se acompanhar dos respectivos documentos de identificação e garantir que não estão a atravessar a linha divisória ilegalmente.

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