Cristas quer investigar polémica nas eleições no CDS-Porto

Há vozes dentro do partido a pedir revisão dos acordos com a Juventude Popular e com os Trabalhadores Democratas-Cristãos.

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Cristas quer averiguações internas LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

A líder do CDS-PP quer investigar o que se passou nas eleições para a distrital do Porto, no passado sábado, para que “não se volte a repetir” nada parecido. A Juventude Popular (JP) e a Federação dos Trabalhadores Democratas-Cristãos (FTDC) queixaram-se de ingerência do CDS nas suas organizações ao verem as suas listas de filiados impedidas de votar pelo plenário da mesa da distrital. Entretanto, a candidatura liderada pela vice-presidente Cecília Meireles, que perdeu para Fernando Barbosa, denunciou a existência de militantes do CDS inscritos para votar que também militam no PSD. Dentro do CDS há vozes a pedir que se revejam os acordos entre o CDS e a JP e a FTDC, que existem há mais de 30 anos.

“Vamos procurar apurar todos os factos para que não se voltem a repetir coisas destas”, afirmou ao PÚBLICO Assunção Cristas, referindo que foi tentada a “união” em torno de uma única candidatura, mas que tal “não foi possível”. Depois da vitória de Fernando Barbosa, que ganhou por cerca de 300 votos, Assunção Cristas disse já ter transmitido as suas felicitações ao novo líder da distrital para que o partido possa trabalhar para ser “alternativa ao PS”.

Ao que o PÚBLICO apurou, há dirigentes a pedir que os acordos com a FTDC e a JP sejam revistos por considerarem que há aspectos que já não fazem sentido, nomeadamente a representatividade da FTDC junto do CDS ao ter direito a 7% dos cadernos eleitorais em cada votação interna do partido. No caso da JP essa percentagem é de dez por cento. Questionada sobre se tem intenção de rever os protocolos, Assunção Cristas remete o assunto para mais tarde. “É preciso avaliar primeiro, só depois posso tirar conclusões”, afirmou.

A JP e a FTDC são duas estruturas autónomas do CDS e em ambos os casos os filiados não são obrigatoriamente militantes do CDS. No caso da FTDC, os representantes indicados para órgãos executivos do partido são militantes do CDS, segundo o presidente da estrutura Fernando Moura e Silva. Em ambos os casos, os filiados nestas organizações não podem ser militantes noutro partido.

Fernando Moura e Silva mostra-se disponível para “verificar procedimentos e para corrigir alguma coisa se for o caso”. Mas torce o nariz a uma revisão dos protocolos. O CDS arrisca-se a ficar “o partido de alguns” caso perca estas duas estruturas de militância, sustenta o presidente da FTDC, que foi agora eleito para presidente do plenário da mesa na distrital do Porto.  

Depois de a FTDC e da JP de Vila Nova de Gaia terem sido impedidas de participar nas eleições – a ‘jota’ acabou por não votar em nenhum concelho – a situação foi reportada ao secretário-geral e à direcção do partido.

As vozes críticas de Assunção Cristas pedem responsabilidades à líder e à sua equipa. Raul Almeida, conselheiro nacional eleito pela lista alternativa à da direcção no último congresso, escreveu no Jornal Económico um artigo duro contra Cristas, apelando a que ouça mais as bases. Tanto Raul Almeida como Abel Matos Santos, porta-voz da Tendência Esperança em Movimento, corrente de opinião interna, pedem a cabeça de Henrique Campos Cunha, o anterior presidente da mesa do plenário que decidiu vetar as listas de votantes da FTDC e da JP.

Já Francisco Rodrigues dos Santos, líder da JP, escusa-se a alimentar a polémica e não quis falar ao PÚBLICO sobre o assunto.

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