Quase 3,8 milhões de dias perdidos no SNS por ausência ao trabalho

Os acidentes em serviço e doenças profissionais foram responsáveis por cerca 170 mil dias perdidos, um decréscimo de 13,1% face ao ano anterior, segundo o Relatório Social do Ministério da Saúde.

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Paulo Pimenta

As faltas ao trabalho dadas pelos profissionais de saúde totalizaram quase 3,8 milhões de dias em 2017, mais 2,4% do que no ano anterior. A maioria das faltas foi devido a doença, mas também provocadas pelas greves, revelam dados do Ministério da Saúde.

As principais causas de absentismo foram a doença (46,3%) e a protecção na parentalidade (32,9%%), que no total deram origem a mais de 2,9 milhões de dias de ausência ao trabalho, segundo o Relatório Social do Ministério da Saúde, divulgado esta semana. Os acidentes em serviço e doenças profissionais foram responsáveis por cerca 170 mil dias perdidos, um decréscimo de 13,1% face ao ano anterior.

As ausências ao trabalho por motivos de greve totalizaram 120.886 dias, representando o maior aumento face ao ano anterior (76,6%), destaca o documento, que observa ainda um acréscimo de 26,3% das faltas injustificadas, que somaram 21.048 dias, mais 4379 dias face a 2016. Em sentido inverso, o relatório realça "a diminuição significativa" ocorrida nos dias de trabalho perdidos por cumprimento de pena disciplinar (-32,6%).

Enfermeiros com mais ausências

À semelhança dos anos anteriores, os enfermeiros foram os que registaram o maior número de ausências ao serviço (1,3 milhões de dias), seguidos dos assistentes operacionais (951.742) e dos médicos (441.806). Os assistentes operacionais registaram o maior número de dias de trabalho perdidos por motivo de doença e de acidentes em serviço, seguidos, em ambos os motivos, dos enfermeiros, refere o documento.

Relativamente às ausências por motivos relacionados com a protecção da parentalidade, mais de 50% dizem respeito aos enfermeiros, "o que, naturalmente, está relacionado com o facto de se tratar de um grupo profissional predominantemente feminino e com uma idade média baixa", sublinha.

Em 2017, ocorreram 6951 acidentes com profissionais de saúde, 88% dos quais aconteceram no local de trabalho e 12% no itinerário para o trabalho. Os 3980 acidentes com baixa deram origem a 100.789 dias de trabalho perdidos. Desde 2014, tem-se vindo a assistir a um acréscimo do absentismo: 3.053.005 dias perdidos em 2014, 3.394.120 no ano seguinte, 3.698.608 em 2016 e 3.788.556 no ano passado.

Mais trabalho suplementar

As horas de trabalho suplementares feitas pelos profissionais de saúde aumentaram 5,1% no ano passado. No total, foram realizadas cerca de 11,8 milhões de horas, tendo sido gastos quase 178 milhões de euros nestas horas suplementares de todos os profissionais de saúde, o que dá uma média de 487 mil euros por dia.

Segundo o relatório, o trabalho suplementar realizado pelos enfermeiros cresceu 16% face a 2016. No total, este grupo profissional realizou, em 2017, cerca de 2,5 milhões de horas suplementares.

O aumento, indica o relatório, deve-se maioritariamente "à alteração ocorrida no período normal de trabalho dos trabalhadores em funções públicas com a reposição das 35 horas (...), cujo reflexo não pôde deixar de sentir-se particularmente no contexto hospitalar". "Uma parte das horas de trabalho perdidas tiveram de ser compensadas por recurso à realização de trabalho suplementar", refere o documento.

Quanto aos médicos, as horas suplementares de trabalho reduziram cerca de 3% em 2017 face ao ano anterior, mas ainda assim foram feitas 5,7 milhões de horas suplementares. Cada médico realizou em média 314 horas de trabalho suplementar no ano passado, tendo em conta o universo de pessoal médico que as cumpriu, que representa 67% do total de médicos.

Oncologia médica e imuno-hemoterapia foram as especialidades com maiores acréscimos de horas suplementares, enquanto na medicina geral e familiar, na ortopedia e anestesiologia houve diminuições mais significativas. As especialidades que realizam mais horas de trabalho suplementar são a medicina interna, a cirurgia geral, a medicina geral e familiar, a anestesiologia e a pediatria.

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