Bancos centrais unânimes na preocupação com a guerra comercial

Da Europa aos Estados Unidos, passando pelo Japão e a Austrália, os banqueiros centrais presentes em Sintra alertaram para os riscos de uma escalada no conflito comercial.

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Reuters/HANDOUT

Os presidentes de quatro dos principais bancos centrais do mundo, incluindo a Reserva Federal norte-americana (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE), mostraram esta quarta-feira a sua preocupação com a escalada a que se tem assistido nas últimas semanas nos conflitos comerciais.

Em Sintra, na última sessão da edição deste ano do Fórum do BCE, os responsáveis máximos das políticas monetárias da zona euro, Estados Unidos, Japão e Austrália apresentaram uma frente unida contra a aplicação de políticas proteccionistas a nível comercial, numa reacção às novas taxas alfandegárias aplicadas pela administração Trump e as consequentes retaliações de outras economias, como a União Europeia, a China ou o Canadá.

O anfitrião do encontro, Mario Draghi recusou fazer para já qualquer previsão de impactos das medidas comerciais anunciadas, mas deixou claro o seu pessimismo. “Não é fácil e ainda é cedo para saber que impacto é que terá na confiança e nas exportações, mas há lições do passado e elas são todas muito negativas”, alertou, afirmando não conseguir ver “qualquer razão para estar optimista”.

O seu homólogo da Reserva Federal, pelo facto de o actual conflito comercial ter tido origem na nova política do presidente dos Estados Unidos, foi bem mais reservado nas suas declarações, dizendo não querer comentar decisões de política comercial. Ainda assim, Jerome Powell deu conta do facto de, na Reserva Federal, se notar no diálogo que têm com actores dos mercados e do mundo empresarial, uma grande preocupação com o que está a acontecer. “É a primeira vez que estamos a ouvir falar do adiamento de decisões de investimento”, disse.

Haruhiko Kuroda, por seu lado, apesar de o Japão não estar tão directamente incluído no conflito, salientou que o efeito indirecto para o país “será significativo”. “Espero que a escalada possa ser controlada, é uma questão muito preocupante”, disse o governador do Banco do Japão.

Da Austrália, Philip Lowe, classificou a situação como “incrivelmente preocupante”, alertando que “não vai demorar muito até que os mercados financeiros tornem isto numa grande questão”. O líder do banco central australiano deixou ainda uma crítica directa à política de Trump: “Não creio que tenha havido um país que tenha conseguido criar prosperidade construindo muros à sua volta”.

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