Associação de vítimas garante ter cordial e profícua relação com António Costa

Primeiro-ministro não foi convidado para homenagem às vítimas no domingo.

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António Costa em Pedrogão no domingo LUSA/Paulo Cunha

A Associação de Vítimas de Pedrógão Grande (AVIPG) disse nesta terça-feira manter com o primeiro-ministro uma "cordial e profícua relação pessoal e institucional", apesar de António Costa não ter sido convidado para uma homenagem às vítimas, no domingo.

No domingo, um ano após o incêndio que matou 66 pessoas, que começou em Pedrógão Grande e alastrou a concelhos vizinhos, António Costa, neste município do distrito de Leiria, após uma missa de homenagem às vítimas, disse não ter sido convidado para um cerimonial preparado pela AVIPG.

"Não [fui convidado]", disse António Costa à agência Lusa, à saída da Igreja Matriz de Pedrógão Grande, após a missa de homenagem às vítimas do incêndio de Junho de 2017, acrescentando que esse é um tema "sobre o qual não vale a pena especular".

"Nós temos tido muito boa relação com a associação de vítimas, ainda há poucas semanas tive oportunidade de estar com a associação de vítimas. Agora, nestes momentos de dor e sofrimento devemos respeitar aquilo que é a vontade e a forma como cada um quer viver os seus momentos de dor. E esse é o respeito que eu devo a todas as famílias e, em particular, àqueles que perderam os seus entes queridos", argumentou o chefe do Governo.

Nesta Terça-feira, em comunicado, a associação diz que a decisão foi tomada em assembleia geral.
"Foi objecto de deliberação na última Assembleia Geral e, por unanimidade dos associados, foi decidido que a homenagem ia ser reservada e íntima aos associados familiares das vítimas mortais, com a excepção" do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

A Associação recorda que António Costa foi convidado para uma visita às instalações da sede em princípios de Junho, em contexto de reunião de trabalhos, em que lhe foi oferecido um catálogo das obras do Memorial Artístico em exposição patente na AVIPG"

"Entre a AVIPG e o primeiro-ministro reina uma cordial e profícua relação pessoal e institucional. Agradecemos a compreensão, dispensando maiores comentários em respeito ao especial momento vivido".

O presidente da Câmara de Pedrógão Grande, autarquia a que pertence a aldeia de Figueira, onde a associação liderada por Nádia Piazza está sediada, numa antiga escola primária, disse desconhecer a homenagem, afirmando que também não foi convidado.

"Ninguém me convidou para nada disso, desconhecia", referiu Valdemar Alves.

Instado a comentar a falta de convite, o autarca não se quis alongar em considerações: "O que é que a gente há-de fazer? Não vamos complicar mais as coisas do que elas estão. Não nos afecta absolutamente nada, eu tenho de fazer o meu caminho, estar ao lado da população, cada um fica com as acções que entender", observou, também no domingo.

No Natal de 2017, Marcelo Rebelo de Sousa foi convidado pela associação para participar no almoço privado que a associação organizou em Pedrógão Grande e passou o dia 25 de Dezembro na zona atingida pelo incêndio.

Da lista de convidados não fazia parte o primeiro-ministro.

As chamas que deflagraram em 17 de Junho de 2017 no município de Pedrógão Grande, no interior do distrito de Leiria, e que alastraram a concelhos vizinhos, fizeram 66 mortos e 253 feridos, atingiram cerca de meio milhar de casas e quase 50 empresas, e devastaram 53 mil hectares de território, 20 mil hectares dos quais de floresta.

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