Bis de Harry Kane salva estreia de Inglaterra

Tunisia resistiu a uma primeira parte caótica, mas claudicou em tempo de compensações.

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EPA/ROMAN PILIPEY

Harry Kane salvou, aos 90+1’, a Inglaterra de um comprometedor e frustrante empate frente a uma Tunísia solidária e com enorme capacidade de sofrimento. O “capitão” dos britânicos bisou — proeza que nenhum jogador da selecção inglesa alcançava desde 1990, quando Gary Lineker marcou por duas vezes (de penálti) nos quartos-de-final (3-2, a.p.) frente aos Camarões — no primeiro minuto do período de compensação, em partida da primeira jornada do Grupo G, que os ingleses venceram (2-1). Foi uma estreia sofrida no Campeonato do Mundo.

Apesar de uma entrada fortíssima, apenas traída pela ineficácia, os britânicos acabaram por esmorecer com o empate tunisino, para despertarem com o golpe decisivo de Harry Kane, que já dera vantagem aos ingleses numa recarga implacável (11’), na sequência de um canto em que o central John Stones cabeceou para defesa de recurso de Mouez Hassen. Mas o guarda-redes tunisino acabaria mesmo batido pelo “matador” do Tottenham, numa altura em que os britânicos exerciam um domínio sufocante, obrigando Hassen ora a voar, ora a mergulhar para coleccionar um punhado de defesas impressionantes, enquanto Jesse Lingard se cotava já como o grande perdulário da noite. Um facto aproveitado pelo adversário para se manter vivo no encontro.

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Um esforço com preço demasiado elevado para o guarda-redes Hassen, que, lesionado no ombro esquerdo desde praticamente os primeiros instantes, ainda protelou a substituição até aos 15 minutos. Esta contrariedade contribuiu grandemente para aumentar os já de si elevadíssimos níveis de ansiedade provocados por uma organização caótica, especialmente do sector defensivo, um dos mais competentes da selecção tunisina.

Mas, contrariamente ao cenário de domínio absoluto que se desenhava por parte dos ingleses, a Tunísia lá conseguiu recompor-se e até igualar, na sequência de um penálti completamente evitável de Kyle Walker sobre Fakhreddine Ben Youssef. Com um gesto imprudente, o lateral concedeu aos africanos uma oportunidade que Sassi não perdoou (35’). Para desespero dos europeus, o árbitro do encontro, o colombiano Wilmar Roldan (com o português Tiago Martins como VAR 3), ignoraria, cerca de cinco minutos volvidos, um penálti bem mais flagrante sobre Harry Kane, o que, juntamente com o último desperdício de Lingard (bola ao poste) na primeira parte, penalizava a jovem e precipitada selecção de Inglaterra.

No reatamento, a selecção campeã do Mundo em 1966 revelou ainda maiores dificuldades para se libertar do colete de forças que os tunisinos urdiram, esgotando todas as alternativas, com Gareth Southgate a explorar cada centímetro em busca do golo da vitória. Golo que surgiria mesmo ao cair do pano, pelo inevitável Harry Kane: de cabeça, o ponta-de-lança emendou ao segundo poste e garantiu aos britânicos uma estreia que valeu três pontos e a liderança repartida com a Bélgica.

Para a Tunísia, que na fase de preparação para o Mundial arrancou uma igualdade (2-2) em Braga, frente a Portugal (ainda sem Ronaldo), e que no último “amigável” esteve na iminência de garantir nova igualdade frente à Espanha, negada por Iago Aspas (84’), o segundo golo de Harry Kane pode ter sido fatal.

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