Na sua estreia no Mundial, o campeão do mundo caiu

Com uma grande exibição de Herrera e um golo de Lozano, o México derrotou a Alemanha na sua estreia na Rússia.

Lozano festeja o seu golo
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Lozano festeja o seu golo LUSA/PETER POWELL
Adepto do México
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Adepto do México Reuters/CARL RECINE
Jogadores do México
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Jogadores do México LUSA/PETER POWELL
Neuer foi titular na baliza da Alemanha
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Neuer foi titular na baliza da Alemanha Reuters/MAXIM SHEMETOV
Um ataque alemão à baliza de Ochoa
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Um ataque alemão à baliza de Ochoa Reuters/CARL RECINE
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O desalento alemão Reuters/KAI PFAFFENBACH

Num grupo em que estão ainda a Suécia e a Coreia do Sul, pode ser apenas um acidente de percurso, mas pela primeira vez em 36 anos a Alemanha perdeu na estreia de um Mundial e as repercussões a médio prazo podem ser fatais para os defensores do título: o segundo classificado do grupo dos alemães, vai defrontar nos oitavos-de-final o vencedor do grupo do... Brasil. Em Moscovo, um México corajoso justificou a vitória (1-0) e confirmou que os maus resultados nos jogos de preparação dos germânicos não foram um acaso. Lozano marcou e foi considerado pela FIFA como o melhor em campo, mas a distinção não ficaria mal a Hector Herrera.

Duas derrotas (Brasil e Áustria), um empate (Espanha) e uma vitória sofrida (Arábia Saudita) nos jogos efectuados em 2018 não era um currículo apresentável para um campeão do mundo, mas quando falamos da Alemanha, é sempre de desconfiar. Só quando essa mesma Alemanha perde um “jogo a doer”, a conversa muda de figura. Desde 1982 que a “mannschaft” não iniciava um Mundial com uma derrota – em Espanha foi batida pela Argélia –, mas Joachim Löw não tem que ficar apenas preocupado pela perda de três pontos: o triunfo do México não foi um acaso.

A entrada em jogo dos mexicanos foi frenética e um aperitivo para o que se seguiria. Aos 40 segundos, os adeptos mexicanos já gritavam “olés” na bancada do Luzhniki; 16 segundos depois, Boateng evitou no último instante que Lozano marcasse; com minuto e meio decorrido, Neuer teve que se aplicar a fundo. A Alemanha aguentou o impacto inicial e ripostou: Timo Werner rematou cruzado, a bola passou a poucos centímetros do poste de Ochoa. Com um trio (Müller, Özil e Draxler) nas costas de Werner, a Alemanha tinha mais bola, mas quando a perdia, a dupla Kroos/Khedira via-se sempre em apuros.

Com a equipa desenhada em 4x4x2, o seleccionador mexicano Juan Carlos Osorio colocou Herrera a jogar à FC Porto de Sérgio Conceição. E o médio portista fez o que os adeptos portugueses se habituaram a ver nesta época. Com o capitão Andrés Guardado ao seu lado, Herrera destruiu e construiu, sempre com enorme qualidade. Num papel que já foi de Herrera na selecção, Layún jogou no lado direito do meio-campo, e na frente o México tinha uma dupla com muitos quilómetros nas pernas a nível internacional: Carlos Vela e “Chicharito” Hernández.

Apesar de terem seis titulares da final do Mundial 2014 no “onze” e uma mão cheia de jogadores do Bayern Munique (Neuer, Hummels, Boateng, Kimmich e Müller), os alemães nunca se entenderam com a estratégia de Osorio.

Com a dupla Herrera/Guardado a ganhar o duelo com Kroos/Khedira, os “aztecas” anulavam os mecanismos alemães e mostravam-se sempre mais perigosos em rápidos contra-ataques. Com o jogo partido, a Alemanha colocava-se em risco e acabou por sofrer. Aos 35’, Herrera recuperou de forma brilhante uma bola no seu meio-campo e deu início a uma grande jogada, finalizada por Lozano.

Em desvantagem, a Alemanha não mudou. Sob a ameaça constante do contra-ataque rival, Löw resistiu em mexer e foi Osorio o primeiro a alterar as peças do seu xadrez. Aos 59’, o México trocou Vela por Edson Alvarez e mudou a táctica: o Jogador do América, que há um ano chegou a ser apontado como possível reforço do FC Porto e joga habitualmente a central, colocou-se à frente da defesa. Herrera avançou no terreno para perto de “Chicharito”. Os mexicanos passavam a defender em 4x2x3x1. A resposta de Löw foi imediata (Khedira por Marco Reus, Özil recua).

A batalha táctica pouco ou nada alterou. A Alemanha mantinha-se estranhamente apática, o México deixava jogar e respondia em transições. Já com Jiménez e Rafa Márquez (aos 39 anos, o antigo jogador do Barcelona participou no quinto Mundial) na equipa, os “aztecas” fizeram recuar Álvarez para terceiro central e quando Löw arriscou (Plattenhardt por Mario Gómez, apenas três defesas), só destapou atrás, sem conseguir resolver os problema na frente. 

Pela sexta vez, um campeão entrava a perder num Mundial e pelo menos na noite deste domingo, em Moscovo, a vodka será trocada por tequilha.

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