Entre a lagoa e o mar ergueu-se uma onda de design

Design do estúdio de Philippe Starck, luz e mar do Oeste, golfe num campo desenhado por Ballesteros, sabores lusitanos, serviço familiar. Um hotel em que os luxos se multiplicam e a que não falta a bênção da rainha Santa Isabel.

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Com vista para o Atlântico e para uma enorme extensão de campos de golfe, o Evolutee Hotel, inaugurado há cinco anos na belíssima e única envolvência da lagoa de Óbidos, marca a paisagem de forma impressiva, sendo impossível passar despercebido a quem se aproxima pela primeira vez da propriedade do Royal Óbidos Spa & Golf Resort, um empreendimento de 136 hectares que acompanha a linha costeira ao mesmo tempo que tem como vizinha a icónica lagoa.

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Com vista para o Atlântico e para uma enorme extensão de campos de golfe, o Evolutee Hotel, inaugurado há cinco anos na belíssima e única envolvência da lagoa de Óbidos, marca a paisagem de forma impressiva, sendo impossível passar despercebido a quem se aproxima pela primeira vez da propriedade do Royal Óbidos Spa & Golf Resort, um empreendimento de 136 hectares que acompanha a linha costeira ao mesmo tempo que tem como vizinha a icónica lagoa.

Por dentro, a sensação não é mais acanhada, pelo contrário: os espaços são amplos e, tirando partido de vastas áreas envidraçadas, a luz natural é omnipresente, quer pelas zonas comuns, quer nos quartos, onde as resguardadas varandas constituem uma mais-valia. Já a decoração, com assinatura do atelier criado pelo conceituado designer Philippe Starck, consegue, realmente, surpreender-nos, parecendo apanhar-nos desprevenidos a cada instante, com peças que, se por um lado pretendem criar rupturas, por outro representam um diálogo constante entre os diferentes elementos. Algo como uma conversa contínua entre as doces e calmas águas da lagoa e as salgadas e por vezes vivaças correntes do oceano.

Afinal, o que tem a ver a tapeçaria colorida que nos emoldura a cama com o desenho renascentista que cobre o enorme roupeiro? Provavelmente nada. Mas, para lá do que à primeira vista pode ser interpretado como incoerência, sentimo-nos num espaço novo a cada instante: desde o momento em que somos recebidos num lobby que nos parece engolir pelo peso de um gigantesco e trabalhado candelabro em cristal a iluminar a rainha Santa Isabel numa réplica da obra de Francisco de Zurbarán (1598–1664) até ao instante em que somos levados numa espécie de experiência onírica por uma esvoaçante escultura móbile.

Já a envolvência de uma natureza em grande parte por desbravar teima em marcar presença por cada recanto deste hotel. De tal forma que o convite para sair e aproveitar as valências exteriores é irrecusável — uma piscina exterior, na qual sobressaem pormenores em azulejaria portuguesa, é a desculpa perfeita para abraçar o ar livre. E, se não estiver dia para piscina, uma lareira exterior, junto à qual se beneficia do serviço de um bar, desafia-nos a contrariar a sensação de frio. Depois, claro, a região onde estamos assim o obriga, a ginja no topo: acesso a um campo de golfe, cujos limites nos transportam quase até à fronteira com o oceano, desenhado pela lenda mundial da modalidade Severiano Ballesteros (1957-2011).

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O célebre jogador espanhol, que venceu o European Tour 50 vezes, marcando um recorde, criou aqui um campo de excepção, integrando-o de forma subtil com a envolvente natural, ao mesmo tempo que aproveitou a ondulação original do terreno. Certo é que atrai golfistas de todos os níveis, como Ballesteros pretendia: “A minha filosofia é a de não ter só um campo de competição que seja um desafio para os jogadores profissionais, mas que também possa ser apreciado por qualquer jogador.” E a importância do golfe é tal que até o nome do hotel não foi escolhido à toa: o “tee” é um chamamento precisamente ao golfe.

Sem grande jeito para a prática da modalidade, preferimos explorar outros prazeres, como os da mesa. No restaurante Cobalt, um espaço amplo, no qual imperam as tonalidades claras, pontilhadas por detalhes em azul, voltamos a sentir que o nosso olhar é direccionado para o exterior, com a linha marítima ao fundo. Os sabores que saem da cozinha não renegam os produtos regionais nem a sapiência da gastronomia local, ainda que a apresentação reflicta o toque contemporâneo.

A qualquer uma das refeições, a experiência eleva-se pela qualidade geral, mas sobretudo pelos detalhes — o pão acabado de cozer, o amuse-bouche que o chef prepara como uma surpresa e, sobretudo, um serviço que nos acolhe na medida certa de um equilíbrio delicado entre uma certa simpatia quase familiar e uma postura nada intrusiva. E ao pequeno-almoço assiste-se a mais um desfile de iguarias regionais, entre as obrigatórias propostas internacionais: um festim de frutas, compotas, mel, queijos e carnes e peixes fumados, além de pão ainda quente e estaladiço, que disputam o protagonismo com o típico pequeno-almoço inglês de ovos, bacon e torrada — melhor mesmo é reservar apetite para provar um bocadinho de tudo.

Quarto com vista

Um dos pontos altos do projecto de arquitectura do qual nasceu o Evolutee passou por dotar todos os quartos de varanda. Para tal, o edifício parece dividir-se em dois, criando um vazio a meio, ocupado por um jardim, visível pelas paredes em vidro que acompanham os corredores de acesso aos quartos, 36, que se distinguem sobretudo pela vista (sobre o verde da floresta ou para o Atlântico e o campo de golfe).

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Em 40 m2, sobressai a utilização de materiais que evocam elementos naturais, assim como o cuidado em manter a decoração o mais leve possível, recorrendo a cores claras, quer nos tecidos, quer no mobiliário. Em alguns pormenores nota-se a utilização de materiais de baixo custo, mas nada que seja suficientemente grave. Sobretudo tendo em conta todos os mimos com que somos recebidos: casa de banho com duche e banheira e produtos com o selo de qualidade Castelbel, minibar e máquina de café expresso, os habituais roupões e chinelos. E nos materiais de conforto, como as roupas de cama ou os atoalhados, percebe-se um esforço acrescido para garantir o bem-estar do hóspede: nota extremamente positiva para a qualidade do colchão e almofadas, dois pequenos detalhes que fazem sempre toda a diferença.

Nas suítes, as regalias são ainda mais vastas: além de oferecerem mais cerca de 20m2 que os quartos, incluem cama king size e uma sala de estar. A master suite, de 83 m2 e localizada no último piso, garantindo vistas privilegiadas, junta um espaço para refeições e uma casa de banho extra, como que protagonizando mais um milagre da multiplicação.

 A Fugas esteve alojada a convite do Evolutee