Islândia servirá de barómetro à pressão da Argentina

Sul-americanos deverão ter na Rússia a última oportunidade de aproveitarem Messi para conquistarem o título.

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Messi Reuters/SIVARAM V

Quando neste sábado, às 14h, for dado o pontapé de saída para o primeiro jogo do Grupo D do Mundial 2018, todos os holofotes estarão apontados para Lionel Messi. E esse é o grande problema que uma Argentina sedenta de vitórias terá que resolver para que o seu número 10 tenha o privilégio de Daniel Passarella, em 1978, e Diego Maradona, em 1986: levantar os 6,1kg da Taça Jules Rimet. Messi, que vem coleccionando frustrações com a camisola do seu país, não nega que na Rússia pode ter a última oportunidade para conquistar o troféu que lhe falta. A Islândia servirá, por isso, de primeiro barómetro aos níveis de pressão de uma das favoritas à vitória no Mundial 2018.

As ruas de Moscovo, as mesmas onde há uma semana era raro ver um turista, estão por estes dias repletas de adeptos de futebol que, na sua maioria, não prescindem de uma camisola, de um cachecol ou de um boné que os identifique. No entanto, se num Europeu a tradição diz que são os irlandeses os mais festivos, num Mundial são quase sempre os argentinos os mais fervorosos. Hoje, no entanto, a Noroeste do Kremlin, é provável que no Estádio do Spartak os níveis de tensão dos adeptos sul-americanos estejam bem elevados.

Crónica candidata, a Argentina chega sempre a qualquer Mundial com um grupo repleto de estrelas. Na Rússia não é excepção. Apesar de a defesa continuar a ser o calcanhar de Aquiles argentino e de a lesão de Sergio Romero abrir dúvidas quanto à fiabilidade na baliza, do meio-campo para a frente abunda qualidade. Com Messi, Higuaín, Agüero, Di María e Dybala, Jorge Sampaoli deu-se ao luxo de abdicar de Mauro Icardi, autor de 29 golos esta época na Serie A. A exclusão do avançado do Inter motivou fortes críticas ao seleccionar argentino, mas as preocupações de Sampaoli serão bem diferentes e estarão viradas para a sua principal figura.

A história recente de Messi com a camisola “celeste” está repleta de derrotas difíceis de digerir. Em 2014, no Mundial do Brasil, um golo de Mario Götze a sete minutos do final do prolongamento retirou o título aos argentinos; nos dois anos seguintes, derrotas com o Chile no desempate por penáltis em finais da Copa América. A 27 de Junho de 2016, após o último desaire, no qual Messi falhou uma das grandes penalidades, o vencedor de cinco Bolas de Ouro anunciou que seria o ponto final, e que se retiraria da selecção. A reforma antecipada durou mês e meio. Admitindo algum “embaraço” pelo recuo, Messi justificou-se dizendo que não queria “ser mais um problema para o futebol argentino, onde é preciso resolver muitas coisas”, preferindo “ajudar por dentro, em vez de criticar de fora”.

Agora, com uma fase de qualificação muito sofrida e pouco convincente pelo meio, Messi não esconde que o seu futuro na selecção irá depender do que acontecer na Rússia. E a incerteza em torno da principal figura da equipa, aliada à ausência de títulos, é tema incontornável em qualquer conferência de imprensa da Argentina.

Ontem, no palco do jogo de hoje, o defesa Nicolas Tagliafico foi o jogador escolhido para acompanhar Sampaoli na conversa com os jornalistas. E a primeira pergunta apanhou o técnico argentino desprevenido. Por que motivo Messi nunca vem às conferências de imprensa? Visivelmente embaraçado pela questão, Sampaoli passou a bola para o lado: “Não sou eu que decido isso. Terá que fazer essa pergunta a outra pessoa.

É tudo o que tenho a dizer.” Se na gestão da comunicação abdicou de responsabilidade, na gestão da equipa Sampaoli não teve problemas em revelar o “onze” que vai começar o Mundial, com o benfiquista Salvio no lado direito da defesa e uma dupla de centrais formada por Otamendi e Rojo. Na frente, não haverá lugar para Higuaín ou Dybala: Messi, Di María e Agüero terão a responsabilidade de liderar o ataque à estreante Islândia.

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