Primeiro pagamento a 96% dos lesados feito na próxima semana

Presidente da associação dos lesados não esconde alívio com andamento do processo e garante que vai a Fátima a pé, no próximo ano, agradecer a solução.

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Dep+os de muita incerteza, lesados mais perto de reaver parte das poupanças. evr Enric Vives-Rubio

Ao fim de quatro anos de avanços e recuo, os lesados do papel comercial do GES vendido pelo BES vão receber a primeira tranche, de cerca de 30% do capital investido, durante a próxima semana. A data foi fixada esta sexta-feira pela Patris, a sociedade gestora do fundo de recuperação de crédito, entretanto criado, e que é responsável pelo pagamento de uma parte significativa das aplicações.

 “A primeira prestação do preço será paga aos participantes no prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis após a publicação do presente comunicado”, adianta a empresa.

O acordo alcançado com o apoio do Governo permite garantir aos lesados a recuperação de pelo menos 75% das aplicações até 500 mil euros (com limite de 250 mil euros) e de 50% para valores acima de 500 mil euros.

Ricardo Ângelo, presidente da Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC), que desde finais de 2014 liderou os protestos dos lesados e participou activamente na negociação da solução que acabou por chegar ao terreno, não esconde a satisfação com o comunicado da Patris. “Finalmente o processo começa a chegar ao fim, é um alívio muito grande”, disse ao PÚBLICO Ricardo Ângelo, com visível contentamento pela notícia que acabava de receber.

E num momento de grande satisfação Ricardo Ângelo deixou uma promessa: “No próximo ano vou a Fátima a pé, acompanhado por um grupo de lesados”, explicando que com essa viagem, já feita no ano passado, pretende agradecer a Nossa Senhora de Fátima o empenho do Governo, especialmente do primeiro-ministro, na solução encontrada.

O pagamento a realizar nos próximos dias será feito com boa parte dos 140 milhões de euros desbloqueados pelo Governo, a título de empréstimo.

No comunicado, a Patris adianta que “após a validação dos pedidos de adesão dos clientes lesados, foi concluído que mais de metade do capital investido estava em condições de aderir à solução". O PÚBLICO apurou que apenas cerca de 3% dos 99% dos lesados que manifestou vontade de aderir ao fundo foram excluídos. Para aderirem, os lesados tinham de cumprir vários pressupostos, nomeadamente o de ter reclamado créditos junto das sociedades insolventes do Grupo Espírito Santo, como  a ESI e a Rio Forte, e do BES.

No total, cerca de dois mil investidores particulares aplicaram perto de 430 milhões de euros no papel comercial emitido pela ESI e Rio Forte, e vendido pelo BES como produto financeiro seguro.

A solução foi negociada entre o Governo, os dois supervisores envolvidos - o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários -, o BES mau (que está em liquidação), e a Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC). O Novo Banco ficou fora do grupo de trabalha mas tem dado um contributo grande na operacionalização do mecanismo.

De acordo com o plano que foi estabelecido, o fundo de recuperação de créditos, o primeiro do género a ser criado, pagará as restantes dias tranches em 2019 e 2020. O fundo assume a partir de agora a responsabilidade de recuperação dos créditos e tem a expectativa de recuperar mais dinheiro do que os cerca de 286 milhões de euros que está previsto pagar aos lesados. O que for recuperado a mais será distribuído pelos lesados. Com Lusa

texto actualizado às 17h55 com mais informação

 

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