Patrícia Santos trouxe o quimono para Portugal e chamou-lhe Komorebi

Depois de descobrir o universo do traje japonês, Patrícia Santos decidiu criar uma marca de quimonos vintage em Portugal.

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Quase todos os Invernos, Patrícia Santos põe a mochila às costas e viaja para diferentes pontos do continente asiático. No ano passado conheceu, na Tailândia, uma coleccionadora de quimonos que lhe “passou o bichinho” das vestes japonesas. Patrícia decidiu trazê-las para Portugal.

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Quase todos os Invernos, Patrícia Santos põe a mochila às costas e viaja para diferentes pontos do continente asiático. No ano passado conheceu, na Tailândia, uma coleccionadora de quimonos que lhe “passou o bichinho” das vestes japonesas. Patrícia decidiu trazê-las para Portugal.

Assim nasceu, em Maio, a Komorebi, com uma colecção inicial de 137 quimonos, seleccionados à mão pela empresária portuguesa. “São peças únicas. Contam uma história que é só deles”, explica ao PÚBLICO. No site é descrita a origem de cada um. Ficamos a saber, por exemplo, que o awase é um quimono forrado, usado exclusivamente entre os meses de Outubro e Maio e que, pelo contrário, o hitoe (que significa tecido individual) é um quimono veranil, usado entre Junho e Setembro.

Descobrimos ainda que o komon – um quimono cujo padrão repete-se ao longo da peça e frequentemente inclui riscas verticais – era tradicionalmente usado como roupa informal e é hoje bastante raro. “Com a ocidentalização do traje japonês e o desuso de quimonos como roupa do dia-a-dia, os costureiros deixaram de o produzir”, lê-se no site.

“Cada quimono tem um significado muito específico”, explica Patrícia Santos. “Cada padrão, cada comprimento de manga, cada posicionamento do desenho, cada tecido, cada formato da gola consegue dizer-nos quem usou aquele quimono, em que situações, de que época é, qual o simbolismo, por exemplo, uns protegem uma coisa, outros dão sorte para outra.”

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O próprio nome da marca foi escolhido pelo seu significado simbólico. "Komorebi não tem tradução. Refere-se à luz  do sol que passa através das folhas das árvores e faz manchas no chão", explica Patrícia. "Chegámos a esse conceito porque o quimono é uma coisa que é absolutamente japonesa. São dois conceitos que são absolutamente japoneses e que transparecem muito daquilo que é a cultura japonesa".

Um quimono para cada ocasião

À parte de Quioto – onde é bastante comum ver-se mulheres de quimono – pode ser díficil, à partida, imaginar uma ocasião onde usar o traje completo.

Patrícia Santos garante que o quimono "é perfeitamente usável". Foi aliás a sua popularidade na cultura ocidental que a motivou a criar o negócio em Portugal. "Achei que havia mercado para isso. É uma coisa que vemos em todo o lado, estilistas a ir buscar o quimono: alguns vão mais pelo tradicional do que é japonês, outros fazem adaptações simplificadas."

A palavra-chave é mesmo a versatilidade. Os quimonos "são adaptáveis e dá para tudo", esclarece ainda a criadora da marca. "Há alguns simples que dão para a praia, há outros mais arranjados que dão para uma gala, outros para casamentos, festas... É adaptável àquilo que quisermos."

"Tenho uma amiga por exemplo, que tinha um acolchoado e que quando se casar é esse que vai usar", exemplifica. Além disso, acrescenta ainda, são objectos que podem igualmente ser expostos como peças de arte.

O único elemento que talvez seja demasiado extravagante para usar fora do contexto de origem, comenta ainda a criadora da marca, é o obi (uma espécie de faixa). "Às vezes os obis são até mais caros que os quimonos e absolutamente trabalhados e bordados", conta a empresária. Por isso, decidiu criar uma versão mais simplificada de faixas de algodão inspiradas no obi, que está à venda no site por 35 euros.

Já os preços dos quimonos – todos eles criados à mão – variam entre os 140 e 280 euros. Patrícia Santos quis ainda acrescentar algum detalhe português. Assim, cada peça é numerada com um bordado nacional. A algumas acrescentou ainda um capuz e todas elas vêm acompanhadas por uma bolsa de algodão orgânico.

"Foi um bocadinho por gosto próprio" que a Komorebi nasceu, confessa Patrícia Santos. A primeira colecção é uma forma de testar a resposta do mercado. Se tudo correr bem, estará daqui a uns meses num avião de volta à Ásia, para escolher pessoalmente novas peças. Essa é uma garantia da marca: "Será sempre este processo de viajar, ver todos os quimonos, escolher um a um e estudar a sua história!"