Bom e barateiro

O vinho decente em Portugal está tão barato que até os próprios portugueses começam a ser forçados a admiti-lo.

No Financial Times a magnífica e insubornável Jancis Robinson escreveu sobre os vinhos-pechinchas deste Verão. O último parágrafo contém um elogio dos vinhos portugueses: "Mas o país que forneceu ao Wine Society as maiores pechinchas é Portugal, fonte de muitos vinhos com um ratio maciço de personalidade-por-cêntimo. Portugal pode exportar algum vinho de má qualidade mas é deliciosamente difícil encontrá-lo".

A Wine Society é uma cooperativa de compra e venda de vinhos que existe para oferecer vinhos bons aos sócios. A oferta é imensa, os preços são baixíssimos (para o Reino Unido) e as escolhas são inteligentes. Faz falta em Portugal um clube de vinhos com a enorme extensão de oferta, honestidade total e a perícia da Wine Society.

Um dos vinhos-pechincha é o JP Azeitão 2017 da Quinta da Bacalhoa. Ao Reino Unido chega a 13 de Julho e custa 6,50 libras. Aqui em Portugal já há e compra-se por 3 euros.

Como lembrou um dos meus gurus vinhateiros, Pedro Garcias, são os estrangeiros em Portugal que levam o nosso país para o topo da tabela dos alcóolatras. Como é que resistem vinhos bebíveis a preços impossíveis? Não resistem. Parece bom de mais para ser verdade. Não acreditam. Mas compram por uma moeda. E depois provam. E acreditam. E da próxima vez compram uma box de 5 litros e sai a menos de uma moeda de 2 euros - por litro.

O vinho decente em Portugal está tão barato que até os próprios portugueses começam a ser forçados a admiti-lo, entredentes e a rebentar de relutância: é obra!

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