Bruno de Carvalho insiste que não se demite mas aceita AG destitutiva

Tribunal decidiu “suspensão imediata” das AG que o presidente “leonino” pretendia realizar a 17 de Junho e 21 de Julho. Bruno de Carvalho considera-se expulso de sócio mas dará condições para AG de dia 23

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Bruno de Carvalho LUSA/NUNO FOX

Em mais um dia turbulento na vida recente do Sporting, Bruno de Carvalho viu o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa decidir pela “suspensão imediata” das Assembleias Gerais (AG) que o presidente dos “leões” pretendia realizar a 17 de Junho e 21 de Julho. Em conferência de imprensa, acompanhado pelos restantes elementos do Conselho Directivo, o dirigente “leonino” garantiu que, apesar de não reconhecer Jaime Marta Soares como presidente da mesa da Assembleia Geral, nem reconhecer a comissão de fiscalização, nem a forma como foi convocada a AG de dia 23 de Junho – que definiu como um “julgamento em praça pública” – vai, “para bem dos sportinguistas”, dar condições para que a reunião, onde será discutida a revogação do mandato do Conselho Directivo, se realize. Mas isso não significa qualquer cedência, garantiu Bruno de Carvalho: “Não nos demitimos.”

“A bem dos sportinguistas, achamos que lhes devemos dar voz. Fomos expulsos de sócios, afastados de funções e não nos deixam ir defender numa AG que é para nos destituir. Mas vamos permitir aquele que nós consideramos ex-presidente da mesa da AG [Marta Soares] venha amanhã [hoje] aos serviços conferir todas as formalidades para que essa AG – que é um julgamento em praça pública, onde nós não vamos poder estar – decorra”, disse Bruno de Carvalho. “Fazemos isto em nome dos sportinguistas e não em nome dos superiores interesses do Sporting. Não vamos estar presentes porque eles nos expulsaram de sócios. Mas apelamos à união e participação massiva dos sócios. Em nome dos superiores interesses do Sporting impugnávamos isto tudo”, acrescentou o líder “leonino”, com uma ressalva: “Se a destituição não for declarada, vamos cobrar até ao último cêntimo o custo dessa AG a Marta Soares.”

A decisão do tribunal dar procedimento à providência cautelar interposta pelo sócio Manuel Gonçalo Cordeiro Ferreira (que nas eleições de 2011 integrou a lista concorrente ao Conselho Leonino apresentada pela candidatura de Pedro Baltazar) e ordenar a “suspensão imediata” das AG convocadas pela comissão transitória para 17 de Junho e 21 de Julho foi um golpe para o líder do Conselho Directivo (suspenso preventivamente de funções pela comissão de fiscalização que foi nomeada pela mesa da AG liderada por Jaime Marta Soares). O tribunal indicava ainda que se os responsáveis insistissem na realização das AG de 17 de Junho e 21 de Julho incorreriam em “crime de desobediência qualificada por infringirem a providência cautelar decretada” e autorizava as forças policiais a utilizarem “as medidas coercivas que entenda adequadas e necessárias para o efeito” para impedir a realização da AG de dia 17.

“Seja como for, sportinguistas, agora está na vossa mão, dia 23. Que façam desta a AG não eleitoral mais concorrida de sempre e digam aquilo que querem para o Sporting. O único apelo que podemos fazer, como sócios expulsos, é que venham massivamente e escolham quem sempre defendeu o Sporting. Ou se querem correr para aquilo que são pessoas que meteram, através de um sócio, uma providência cautelar para nos afastar a todos”, acrescentou Bruno de Carvalho, nomeando Marta Soares, Álvaro Sobrinho e José Maria Ricciardi pelo que se está a passar no clube. “Eles são o advogado, o juiz e o carrasco”, vincou o presidente do Sporting.

Rescisões? “Outros valores falaram alto”

No dia em que foi conhecida a intenção de mais três futebolistas rescindirem com o Sporting (Ruben Ribeiro, Battaglia e Rafael Leão elevaram para nove o total de jogadores a invocar justa causa para deixar o clube), Bruno de Carvalho disse que a motivação para tal é o dinheiro: “Ainda ontem [quarta-feira] tentei falar com o pai e já percebi que outros valores falaram mais alto.”

“Por trás de tudo não está um problema com o Bruno de Carvalho. Tudo tem um fundo: chama-se dinheiro. E chama-se controlo da SAD. Ponto”, vincou o líder “leonino”, acrescentando: “Os jogadores foram enganados e já perceberam. Que eu saiba, ainda ninguém assinou por clube nenhum. Tenho empresários de vários jogadores que apresentaram rescisão a perguntar-me se amanhã [hoje] podemos começar a negociar.”

“O que aconteceu no Sporting muda o paradigma do futebol. Tenho a certeza que a FIFA vai actuar. Estamos a ser assessorados pelos melhores advogados do mundo e há nove jogadores que, garantidamente, vão perder os processos que estão a fazer ao Sporting.”

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