Um fascinante quebra-cabeças nos subterrâneos moscovitas

Na Rússia, manter o espírito aberto é o primeiro ponto que deveria surgir num manual de sobrevivência.

Portugal estreia-se sexta-feira em Sochi e terminará a fase de grupos na inóspita Saransk, mas o destino mais apetecível para quem tiver a oportunidade de juntar o útil (apoiar a selecção) ao agradável (fazer turismo) estará a meio da fase de grupos. Moscovo, palco do segundo jogo da equipa nacional no Grupo B do Mundial 2018, é uma metrópole moderna e fascinante, mas igualmente complexa. E um dos seus maiores quebra-cabeças, mas também encantos, está nos subterrâneos moscovitas.

Ao primeiro impacto, a cidade do Kremlin não é fácil. Primeiro estranha-se. Muito. O embate inicial, aliás, é logo na chegada ao aeroporto. Mapas da cidade? Não há. Mapas do metro? Ninguém tem. Procurar ajudas nas placas de indicação? Só para quem está familiarizado com o alfabeto cirílico. Não era (ainda) o meu caso. Comunicar em inglês? Quando se encontra alguém que responde que “sim” a um “do you speak english?” é motivo para celebração. Mas fazer julgamentos precipitados pode ser isso mesmo: precipitado. Na Rússia, manter o espírito aberto é o primeiro ponto que deveria surgir num manual de sobrevivência.

Ultrapassado o obstáculo aeroporto e chegado a Moscovo, há um admirável enigma para resolver: o metro, fundado em 1935. Os problemas encontrados no aeroporto repetem-se e, apesar de ser visível o investimento feito pelas autoridades russas a nível de informação nas vésperas do inicio do Mundial, viajar pelas 13 linhas e 214 estações é sempre uma enorme aventura para a qual vale a pena seguir algumas dicas.

Para quem tem smartphone, descarregar a aplicação oficial do metro será uma grande ajuda: os nomes das estações aparecem no alfabeto cirílico e romano e esta funciona no modo offline. Se ainda resiste às novas tecnologias, o papel será indispensável, mas é obrigatório não se esquecer de ter na sua posse um mapa a cores. Depois, mesmo que ainda não tenha percebido qual a linha que deve usar, avance para o labirinto – quando há cruzamentos de linhas, o mais certo é que a mesma estação tenha mais do que um nome. É que mesmo que vá parar à estação errada, vai deparar-se com verdadeiras obras de arte.

Para os aficionados da literatura, a Dostoevskaya, que respira Dostoiévski por todo o lado, é paragem obrigatória; os apreciadores de pintura realista não devem falhar um desvio até às diferentes galerias da Kievskaya. Mas a lista de estações a não perder no monumental metro moscovita atinge quase meia centena. O melhor é mesmo entrar. E deixar-se perder.

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