Portugueses Senza apresentam novo disco ao vivo no Brasil

Nascido em Aveiro, o grupo já tocou na Índia, na China, nos EUA e em África e estreia agora o seu segundo disco, Antes da Monção, num país que nunca visitou.

Café Convívio, Bluscus - Turismo Marinero
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Os Senza são Catarina Duarte e Nuno Caldeira DR
Concerto de rock, orquestra, percussão, teatro musical
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Senza ao vivo DR

O primeiro disco foi anunciado assim: “Música de inspiração lusófona, inspirada em viagens!” Assinava-o um nome curto: Senza. Não confundir com a palavra “sem” em italiano: senza é nome de um instrumento africano, um lamelofone também conhecido como kissanji, kalimba ou likembe, consoante os lugares onde é construído e tocado. Mas os dois rostos por trás do nome não vinham de África, embora por lá tivessem viajado. Nuno Caldeira e Catarina Duarte conheceram-se na Universidade de Aveiro, onde foram alunos, ele de Design e Novas Tecnologias da Comunicação e ela de Matemática. Mas nenhum é originário de Aveiro: Catarina nasceu em Coimbra, em 1978, e Nuno nasceu em Castelo Branco, em 1981. Um dia decidiram viajar juntos, mais para conhecer lugares do que para fazer música, que na verdade já vinha de trás.

Catarina: “Comecei por cantar fado, organizava sessões familiares aí com uns dez, 11 anos. Depois, com 15, comecei a fazer umas coisinhas em público.” Ainda frequentou canto, no Conservatório, mas desistiu porque achou “que não era por ali”. Teve aulas de jazz, já em Aveiro, onde conheceu Nuno. “Começámos a tocar umas bossas novas, algum jazz.” Nuno: “Os meus pais tinham vinis de bossa nova. E também jazz, embora eu rejeitasse o jazz na altura.” A música angolana também foi uma influência, já que a mãe de Catarina viveu lá. Antes de formarem o grupo Senza, funcionaram em duo. “Tivemos grupos, a formação ia mudando mas o núcleo fomos sempre os dois.”

A primeira viagem, no Sudeste Asiático, durou meses: China, Vietname, Camboja, Tailândia. E a música intrometeu-se na forma de uma guitarra que Nuno comprou em Saigão, numa loja onde tinham entrado porque estava muito calor na rua e ali havia ar condicionado. Mudou tudo. “Alguém que carrega um instrumento chama a atenção”, diz Catarina. “As pessoas abordavam-nos na rua, conhecemos alguns músicos…” “E começámos a tocar, às vezes para trocar por dormidas. Começámos a pensar que era giro fazermos músicas nossas mesmo. Foi a primeira vez que sentimos isso”, completa Nuno. Dessa viagem nasceu então o primeiro disco, já assinado como Senza: Praça da Independência (2014).

Compromisso e mistura

E continuaram. Uma segunda viagem, desta vez à Índia, resultou num outro disco, Antes da Monção, lançado oficialmente a 4 de Maio deste ano e ainda em fase de promoção. Nele participaram, como convidados, Júlio Pereira, João Frade e Rão Kyao. “Nós temos o compromisso de continuar neste modelo”, diz Nuno. “Mas sem nenhuma lógica geográfica à partida. Foi um acaso que nos levou à Índia, onde tocámos em Nova Deli, Goa e Bombaim, acabando por estender o que se faria em quatro ou cinco dias por um mês. Agora surgiu-nos a possibilidade de fazermos seis concertos em África (Namíbia, Zimbabwe e África do Sul): não foi muito extenso mais foi muito intenso.” Os sons destas viagens povoam de algum modo os discos que delas saem, mas fugindo a exotismos e colagens específicas. “A intenção pode passar por aí, por se sentir alguma indefinição”, diz Nuno. “O que nós procuramos é que haja de facto uma mistura.”

Agora, os Senza vão apresentar Antes da Monção num país que nenhum deles ainda visitou: o Brasil. Dia 14 tocam em Salvador da Bahia, no Teatro Castro Alves, e depois em São Paulo. “Já há muito tempo que queríamos ir ao Brasil”, diz Catarina. “Aliás o tema Comboio de bambu [gravado no Camboja] tem um piscar de olho ao Brasil.” Ao seu lado, terão músicos brasileiros: Cláudia Cunha, Alexandre Leão, Luísa Lacerda e o Quarteto Geral. “Tem esse lado muito interessante, para nós e para eles, de fazer um cruzamento Portugal-Brasil”, sublinha Nuno.

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