A piada falhada de Trump e as "belas praias" norte-coreanas

A cimeira Trump-Kim foi seguida em todo o mundo e revestiu-se de um elevado peso simbólico. Para lá dos acordos, dos elogios e dos apertos de mão afáveis, também se registaram momentos curiosos.

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Kim Jong-un e Donald Trump REUTERS/Jonathan Ernst

Donald Trump e Kim Jong-un encontraram-se esta terça-feira, em Singapura, para uma cimeira que foi o culminar de meses de preparação (e que resistiu a uma ameaça de cancelamento pelo meio). Mas nem só de diplomacia se fez este dia, marcado também por momentos de descontracção entre os dois líderes: da piada falhada de Trump à escolha da ementa que deixou os norte-coreanos boquiabertos.

Foi a primeira vez que um líder norte-americano e norte-coreano em funções se encontraram para assinaram um documento que, apesar de ter desapontado alguns analistas, promete a desnuclearização “total” da península coreana – tal como Trump queria. E apesar da importância conferida a este encontro, houve alguns momentos caricatos.

Um trailer da cimeira para “conquistar” Kim

Antes da conferência de imprensa, na qual Donald Trump respondeu a perguntas dos jornalistas apesar de estar acordado “há 25 horas”, a Casa Branca mostrou um pequeno vídeo de quatro minutos. Trata-se de um trailer da reunião, feito à moda de Hollywood, e com a aparente intenção de “conquistar” Kim Jong-un.

“Seja parte desse mundo, onde as portas da oportunidade estão prontas a abrir-se. Investimento de todo o mundo. Desenvolvimentos médicos e abundância de recursos. Tecnologia inovadora e novas descobertas”: este é um excerto do vídeo, narrado por uma voz masculina que poderia servir para qualquer filme de acção.

“Será que este líder vai escolher avançar o seu país e tornar-se parte de um novo mundo? Ser o herói do seu povo? Será que vai apertar a mão da paz?”.

As belas praias norte-coreanas

Donald Trump herdou uma grande fortuna criada a partir do negócio imobiliário e tem hotéis com o nome dele espalhados um pouco por todo o mundo. E tem queda para o negócio. Pelo menos, foi o que deu a entender o comentário dele, proferido junto de jornalistas antes de se encontrar com Kim.

“Eles [na Coreia do Norte] têm óptimas praias. Quando eles explodem os canhões deles para o oceano eu digo “Ena, olhem para aquela vista. Não daria um óptimo condomínio?’”, disse Trump. "Em vez de fazerem isso podiam ter aí um bom hotel."

Actualmente, o Governo norte-americano (assim como o português) desaconselha as viagens à Coreia do Norte. Os norte-americanos aconselham ainda os cidadãos a escrever um testamento antes da partida.

A piada de Trump que Kim não percebeu

No início do almoço, antes de se sentarem, o Presidente norte-americano pediu aos fotógrafos que tirassem uma fotografia em que os dois líderes estivessem “bem e giros e magros e perfeitos”. Apesar do tom aparentemente humorístico, a piada não foi bem-sucedida – ou então perdeu-se na tradução, a avaliar pela expressão desconfiada de Kim.

Em Novembro de 2017, os dois líderes trocavam insultos. Trump chamou "baixo e gordo" a Kim Jong-un, depois de este o ter apelidado de "velho".

A ementa que espantou os norte-coreanos

A ementa do almoço de trabalho deixou os norte-coreanos boquiabertos. É que um dos pratos , chamado “oiseon”, pepino recheado com carne de vaca, ovos e cenoura, é um prato histórico, mas incomum, que costumava ser servido nas cortes da família real coreana.

Para se perceber o espanto da comitiva norte-coreana, a BBC explica que “seria como se o primeiro-ministro britânico se sentasse a comer com um dignitário e lhe oferecesse cisne assado – um dos pratos favoritos de Henrique VIII”. Os coreanos mais jovens chegaram a confundir o prato com “oisobagi”, kimchi de pepino, bem mais comum.

Para Trump, o menu foi diferente. A entrada foi um cocktail de camarão com salada de abacate. O prato principal foi costeleta de novilho com batata, brócolos e molho de vinho tinto e para a sobremesa, estava preparado gelado Häagen-Dazs de baunilha com coulis de cereja.

Para além disso, houve ainda um terceiro prato, para que os anfitriões pudessem mostrar um pouco da cultura singapurense. O porco agridoce e arroz frito à moda de Yangzhou e o Kerabu de manga verde com molho de lima e polvo fresco, mostraram a herança deixada pelos chineses, malaios e indianos no país.

A "besta", a limousine blindada

Depois das reuniões, Trump mostrou a limousine presidencial a Kim – um automóvel preto, blindado, tão grande que foi apodado de “besta”. O momento caricato foi captado em vídeo e altamente fotografado e as imagens mostram o líder norte-coreano a olhar de forma breve para dentro do carro.

As canetas

Antes do início da reunião, foram disponibilizadas duas canetas para a assinatura do documento final (que pode ler na íntegra): de acordo com as imagens, eram pretas e tinham a assinatura de Donald Trump a dourado. Momentos antes da assinatura, a irmã do líder norte-coreano entregou-lhe uma esferográfica. Não é clara a razão que motivou esta alteração.

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